Arrefecimento do IPCA-15 abre caminho para fim do ciclo de alta da Selic

A perda de força da inflação indicada pelo IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15) é observada como decisiva para interromper o ciclo que levou a taxa básica de juros a 14,75% ao ano, o maior patamar desde 2006.
O que aconteceu
Prévia da inflação desacelerou nos últimos três meses. Os dados revelados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam que a inflação de maio recuou para 0,36%, após variação positiva de 0,43% observada no mês ado.
Variação foi a menor para meses de maio desde 2020. Abaixo das expectativas do mercado financeiro, a alta do IPCA-15 é a menor dos últimos quatro anos. No ano ado, o aumento de preços identificado no mês foi de 0,44%.
Resultado deve motivar o fim do ciclo de altas da Selic. Principal ferramenta de política monetária para conter a inflação, os juros básicos operam no maior patamar em quase 20 anos (14,75% ao ano) após uma sequência de seis elevações consecutivas. Rafael Cardoso, economista-chefe do Banco Daycoval, avalia que o IPCA-15 "traz mais conforto" para a interrupção das altas.
A desaceleração do IPCA-15 deve consolidar a expectativa de fim de ciclo de alta da Selic e manutenção da taxa em 14,75% ao ano a partir da próxima reunião, em junho.
Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter.
A desaceleração do IPCA-15 pode ser interpretada como movimento em direção à meta, além de uma surpresa bem-vinda em um período final de ciclo de aumento de juros.
Leonardo Costa, economista do ASA
BC não sinalizou o fim do ciclo de altas na última reunião. Ao deixar o movimento em aberto, os diretores do Copom (Comitê de Política Monetária) afirmaram permanecer atentos à evolução da inflação para determinar os próximos os da política monetária.
O Comitê avaliou que o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação.
Ata da 270ª reunião do Copom
Corte da taxa ainda neste ano permanece incerto. Rafaela Vitoria, do Inter, diz ainda ser necessário avaliar os resultados efetivos das medidas de estímulo fiscal do governo antes de projetar o afrouxamento monetário. "O processo de desinflação pode se consolidar e podemos começar a discutir a redução da Selic no final do ano", afirma ela.
Mercado financeiro prevê corte dos juros só em 2026. Conforme as projeções mais recentes dos analistas consultados para a elaboração do Relatório Focus, do BC, a taxa Selic seguirá em 14,75% ao ano até o fim de 2025. A primeira queda, de 0,25 ponto percentual, é estimada para a primeira reunião do Copom no próximo ano.