Augusto Melo protocola pedido de expulsão de ex-diretor financeiro do Corinthians
O presidente do Corinthians, Augusto Melo, protocolou uma representação formal na Comissão de Ética e Disciplina do Conselho Deliberativo do clube para solicitar a expulsão de Rozallah Santoro do quadro de associados. O ex-diretor financeiro é acusado de descumprir deveres estatutários e de ter contribuído para um prejuízo milionário ao clube no caso que envolveu o meia paraguaio Matías Rojas.
O documento é extenso e detalha uma série de supostas irregularidades cometidas por Rozallah durante sua agem pelo cargo de diretor financeiro, que ocupou até junho de 2024, quando pediu desligamento. Um dos principais argumentos apresentados por Augusto Melo é o fato de Rozallah ter votado a favor da reprovação das contas do exercício do qual fez parte. Em abril deste ano, o Conselho Deliberativo rejeitou, por 130 votos a 73 (com seis abstenções), as contas de 2024.
Na visão do presidente, esse voto representa uma quebra de dever estatutário. "Sendo o denunciado integrante de uma das doze diretorias empossadas no período, se mostra claro que ele descumpriu o artigo 6º, XI do Regimento Interno istrativo, sendo tal ato condenável nos termos do artigo 2, D do Estatuto Social do clube", diz um trecho do ofício assinado por Augusto.
O presidente também afirma que apresentará, no momento oportuno, documentos que comprovariam má gestão financeira na agem de Rozallah pelo comando das finanças, sobretudo na condução do fluxo de caixa.
Caso "Rojas" é peça central da acusaçãoUm dos episódios que embasam o pedido de expulsão é o caso envolvendo o meia Matías Rojas. Contratado no início de 2024, o paraguaio rescindiu seu contrato de forma unilateral em fevereiro de 2025, acionando o Corinthians na Fifa por atrasos em pagamentos relacionados ao seu contrato de imagem. O clube acabou condenado a pagar mais de US$ 8 milhões (R$ 40 milhões) ao jogador.
Segundo a representação feita por Augusto, Rozallah teria ignorado notificações internas e externas que alertavam para a necessidade urgente de quitar parcelas do acordo firmado com Rojas e seus intermediários. A dívida, de R$ 1,36 milhão mais US$ 43 mil, venceu no dia 10 de fevereiro de 2024 e, segundo o presidente, havia dinheiro em caixa para efetuar o pagamento.
"O clube possuía saldo suficiente para arcar com o acordo acima destacado. Vejamos o fluxo financeiro do clube entre 16/02/2024 e 24/02/2024 que comprova a disponibilidade de pelo menos R$ 3,7 milhões suficientes para evitar a rescisão do contrato de forma unilateral", aponta o documento.
Um e-mail datado de 21 de fevereiro de 2024, enviado pelos representantes de Rojas e anexado à denúncia, reforçava que, sem o pagamento, o atleta poderia exercer o direito de romper o vínculo de forma unilateral, conforme cláusula prevista em contrato. Ainda assim, o pagamento não foi realizado, e a rescisão foi oficializada poucos dias depois.
A situação gerou repercussão nacional e internacional. Na ocasião, a Gazeta Esportiva revelou que Rozallah responsabilizava a presidência do clube pela situação com Rojas. "A decisão de não pagar foi da presidência, não minha. Eu alertei, mas fui ignorado", afirmou Rozallah na época. Ele também declarou que havia alertado diversas vezes sobre o risco iminente de rescisão.
Tensão entre Rozallah e Augusto
No documento enviado à Comissão de Ética, o presidente sustenta ainda que Rozallah falhou na elaboração de planos financeiros de longo prazo, não apresentou previsões adequadas e negligenciou medidas básicas de gestão de risco. "Pelo contrário", escreve Augusto Melo, "optou por uma postura de omissão em diversos episódios que culminaram em prejuízos significativos para o Corinthians."
Agora, a Comissão de Ética e Disciplina agora vai analisar o pedido. O desfecho pode resultar em arquivamento, advertência, suspensão ou até expulsão definitiva do ex-diretor do quadro social.