Gestão Augusto Melo atrasa parcelas do Profut e coloca Corinthians em risco
Osmar Stabile mal assumiu o Corinthians, mas já tem uma pendência a ser resolvida em caráter de urgência nesta semana. A gestão de Augusto Melo, afastado na última segunda-feira pelo Conselho Deliberativo, atrasou três parcelas do Profut e colocou o clube em risco de ser excluído do programa de refinanciamento de dívidas federais.
O presidente interino disse em entrevista coletiva nesta terça-feira que a situação é alarmante, mas garante que, apesar dos problemas financeiros, irá pagar as parcelas atrasadas. Cada uma das prestações, como apurou a Gazeta Esportiva, gira em torno de R$ 2,8 milhões. O Timão precisa quitar pelo menos uma delas para minimizar a possibilidade de exclusão.
"A questão do Profut é que você não pode ficar com três parcelas atrasadas. E nesta semana vence uma parcela de R$ 3 milhões, não há esse dinheiro no caixa. Precisaremos nos empenhar em buscar esses recursos. Não me pergunte como, mas vamos trazer", disse o mandatário no Parque São Jorge.
Vice-presidente interino do clube, Armando Mendonça reforçou a declaração de Stabile e disse que a situação financeira é "delicada", citando inclusive o termo "terra arrasada".
"Nosso compromisso, o meu e do presidente Osmar, é sempre falar a verdade e trazer a tona o que está acontecendo. Quando foi utilizado o termo terra arrasada é porque foram informadas questões de que o nosso caixa estava em ordem, estava com dinheiro e sob controle. Mas isso, infelizmente, não é verdade. A situação financeira é delicada. Temos compromissos enormes a serem cumpridos. Situação grave, que as pessoas precisam saber, mas corremos risco de sairmos do Profut. Tivemos conhecimento disso hoje, pela manhã. Até o momento ninguém tinha sido informado", comentou.
A Gazeta Esportiva entrou em contato com a assessoria de Augusto Melo, que está afastado de suas atividades na diretoria executiva. Ele alega que o Timão possui R$ 5 milhões na conta para efetuar o pagamento do Profut.
SITUAÇÃO PREOCUPANTE
O Corinthians entrou no Profut em 18 de novembro de 2015 e parcelou R$ 181,769 milhões em 240 vezes (20 anos). A adesão permitiu descontos de 70% das multas, 40% dos juros e 100% dos encargos cobrados.
O programa oferece vantagens, mas pede contrapartidas que não têm sido respeitadas pelo Timão. A gestão Augusto Melo, por exemplo, descumpriu o artigo 4 da Lei do Profut, que prevê que os clubes não podem ter um déficit anual superior a 5% da receita bruta do ano anterior, o que aconteceu em 2024.
Já o artigo 25 da mesma Lei considera como "atos de gestão irregular ou temerária" déficit ou prejuízo anual acima de 20% da receita bruta apurada no ano anterior. Na visão do Conselho de Orientação (Cori), o Corinthians também ultraou essa barreira sob o comando de Augusto no ano ado.
Tais descumprimentos, somados às parcelas atrasadas, deixam o Corinthians sob risco de exclusão por parte da Autoridade Pública de Governança do Futebol (Apfut), responsável por gerir o Profut. Caso isso aconteça, o clube não poderia mais negociar suas dívidas com o Governo, e elas seriam cobradas a curto prazo.
OUTROS PROBLEMAS
Não é só a possível exclusão do Profut que procupa Osmar Stabile. A Gazeta Esportiva apurou que Augusto Melo também atrasou parcelas do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos), programa criado pelo Governo durante a pandemia do vírus covid-19 para auxiliar empresas.
Além disso, o Corinthians ainda precisa pagar o acordo com a comissão técnica de Ramón Díaz para evitar futuros problemas na Fifa, como o transferban.