Surfe na seca? Piscina de ondas nos EUA enfrenta críticas por uso de água

Uma nova piscina de ondas promete se tornar a maior do mundo com a tecnologia PerfectSwell, mas já nasce cercada de polêmica. Localizada no sul de Utah, nos Estados Unidos - uma das regiões mais afetadas pela seca no país - o projeto Zion Shores, previsto para ser inaugurado em 2027, levantou uma onda de críticas por causa do alto consumo de água.
A ideia de construir um "oceano artificial" em pleno deserto, a poucos quilômetros do Parque Nacional de Zion, não agradou a boa parte da comunidade local. Utah sofre há anos com escassez hídrica e diversas cidades da região já adotaram restrições severas no uso da água. Em alguns bairros, moradores são até desencorajados publicamente a usar irrigadores e mangueiras.
Água salobra
Diante da repercussão, os responsáveis pelo Zion Shores decidiram se pronunciar. A empresa Desert Lakes LLC garantiu que o consumo da piscina será bem menor do que outras atividades recreativas da região, como o golfe. Segundo eles, enquanto um campo de golfe consome entre 450 e 570 milhões de litros por ano, a nova piscina usará cerca de 113 milhões - menos de um quarto disso.
Mas o principal argumento está na origem da água: o projeto usará água salobra captada de poços privados no próprio terreno. Esse tipo de água não é potável e também não serve para irrigação, mas, após tratamento, pode ser usada com segurança para recreação. Segundo a empresa, o recurso nunca seria aproveitado de outra forma, e o projeto não irá tirar sequer uma gota do abastecimento público.
Estamos utilizando uma fonte que, de outra forma, permaneceria intocada - sem afetar os recursos que os moradores realmente usam.
Desert Lakes LLC em nota oficial
Projeto
Com abertura prevista para 2027, o Zion Shores promete ser o maior projeto da American Wave Machines, mesma empresa responsável pela piscina de ondas do Boa Vista Village, no Brasil.
O complexo contará com uma lagoa de surfe PerfectSwell de última geração e duas piscinas com ondas paradas para treinos e recreação.
Apesar das críticas, o projeto segue avançando e reforça uma tendência global: o crescimento das piscinas de ondas em locais improváveis - e muitas vezes, polêmicos.