Heróis do planalto: ONU celebra os camelídeos da América do Sul
Por Nicolas Cortes
SANTIAGO (Reuters) - Lhamas, alpacas, vicunhas e guanacos da América do Sul estão sendo aclamados como heróis dos planaltos por sua resistência a ambientes adversos e às mudanças climáticas, além do valor cultural, econômico e ecológico.
Representantes de Chile, Bolívia, Equador, Argentina e Peru se reuniram na cidade de Antofagasta, no norte do Chile, no início de maio, para celebrar os animais e fortalecer as estratégias de gerenciamento em uma reunião apoiada pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
"Esses animais são considerados heróis por sua capacidade de prosperar em ecossistemas adversos, como o planalto", disse à Reuters Andrés González, diretor regional de saúde e produção animal da FAO.
"Eles representam uma resistência natural que lhes permite se adaptar e continuar a prosperar nessas condições adversas."
Um relatório divulgado durante a reunião apontou que, à medida que as pressões sobre os recursos naturais e os impactos das mudanças climáticas continuam a crescer, os camelídeos "desempenham um papel crucial na nutrição e nos meios de subsistência" das pessoas nas terras altas.
Os camelídeos sul-americanos estão concentrados principalmente nos Andes, na Argentina, Bolívia, Chile, Equador e Peru, onde desempenham funções essenciais para as comunidades e os ecossistemas locais.
O Peru lidera a produção na região, sendo responsável por 5 milhões de alpacas, ou quase 80%, enquanto a Bolívia é responsável por mais de 60% das lhamas.
Apesar de terem uma participação menor, com dezenas de milhares de animais, os camelídeos no Chile representam de 40% a 80% da renda das fazendas dos altos Andes, de acordo com a FAO.
Além do benefício econômico, os camelídeos também são um modo de vida ancestral nas terras altas, com o conhecimento de criação ando por gerações de indígenas dos povos Aymara, Likan Antay, Quechua e Colla.
"Eles são animais abençoados", disse Evelyn Salas, criadora peruana de alpacas e lhamas, na reunião.
"Eles representam nossa cultura, nossa vida, nossa ancestralidade, nossas raízes e continuam a ser nosso futuro."
(Reportagem de Nicolás Cortés Guerrero)