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SPTrans diz que proposta da gestão Nunes para vagas sob Minhocão é inviável

Prefeitura de São Paulo abre um bolsão de estacionamento embaixo do Minhocão - Eduarda Esteves/UOL
Prefeitura de São Paulo abre um bolsão de estacionamento embaixo do Minhocão Imagem: Eduarda Esteves/UOL
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Do UOL, em São Paulo

23/05/2025 13h53Atualizada em 23/05/2025 20h27

A SPTrans classificou como "totalmente inviável" a implementação de vagas de estacionamento para carros sob o Minhocão, no Centro de São Paulo —conforme defende Mello Araújo (PL), vice de Ricardo Nunes (MDB).

O que aconteceu

Avaliação consta em ofício enviado pelo órgão a uma vereadora. No documento encaminhado ontem a Renata Falzoni (PSB) e obtido pelo UOL, a SPTrans explica que a mudança "dificultaria sobremaneira" a operação do corredor para ônibus na região.

Hoje, região abriga fluxo de aproximadamente cem ônibus por hora. Segundo a SPTrans, a manobra de entrada e saída de automóveis em um estacionamento no canteiro central do Minhocão afetaria diretamente a fluidez e a segurança da operação dos ônibus no corredor.

Ainda não existe corredor de ônibus no trecho onde está sendo instalado o estacionamento, mas há um plano para isso acontecer. Atualmente, o corredor embaixo do Minhocão está somente no trecho da avenida São João. O plano diretor da cidade, porém, define que ele seja expandido para outras vias embaixo do viaduto, incluindo a Amaral Gurgel.

Ideia do estacionamento é defendida principalmente pelo vice-prefeito. Durante viagem de Nunes, em abril, Mello Araújo (PL) ordenou o início de obras de adaptação no canteiro central da rua Amaral Gurgel, localizada sob o Minhocão. O objetivo era testar a transformação de parte do espaço em estacionamento. No momento, há quatro vagas.

Ricardo Melloo Araújo, vice-prefeito de São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress  - Danilo Verpa/Folhapress
Ricardo Mello Araújo, vice-prefeito de São Paulo
Imagem: Danilo Verpa/Folhapress

Antes do início das obras, parecer da CET indicou que vagas no local seriam inviáveis. Datado de 14 de abril, o documento produzido pela Companhia de Engenharia de Tráfego da cidade apontou que os espaços para estacionamento a 45 graus comprometeriam a segurança e a permanência de uma ciclovia que há ali

"A resposta da SPTrans confirma aquilo que a gente já sabia", afirma Renata. "Nem os próprios órgãos oficiais conseguem defender essa medida, que vai contra qualquer critério técnico e desrespeita a legislação da cidade", disse a vereadora.

Além de deixar claro um total desconhecimento de planejamento viário, o projeto é um ataque à dignidade humana, pois no fundo tem a intenção de expulsar as pessoas em situação de rua que se abrigam ali
Renata Falzoni (PSB), vereadora em São Paulo

Após a publicação da reportagem, a prefeitura disse, por meio de nota, que "não há qualquer impedimento" em relação à implantação de estacionamento de carros na Amaral Gurgel". De acordo com a prefeitura, "a inviabilidade destacada no estudo refere-se estritamente ao trecho das avenidas São João e Gen. Olímpio da Silveira, onde há corredor exclusivo e não foi instalado qualquer estacionamento no canteiro central".

Obra para 'limpar a região'

Estacionamento impediria descarte irregular de lixo na região, segundo Mello Araújo. Antes das obras, moradores de rua ocupavam a área. O espaço transformado em estacionamento fica na altura da rua General Jardim.

Prefeito e vice negaram desentendimento por causa da intervenção. Mello Araújo afirmou que agiu com o conhecimento do prefeito. Já Nunes chegou, inclusive, a defender a medida publicamente. Entretanto, o UOL apurou que o prefeito queria ter participado da ação.

Aliados classificaram a primeira experiência de Mello Araújo como prefeito em exercício como evento "desastroso" e "inoportuno". A avaliação de alguns foi de que decisões como as vagas no Minhocão expam a istração desnecessariamente. Já outros creem que o vice estava "procurando fazer o melhor para cidade".

Vice é ex-comandante da Rota e foi indicado por Jair Bolsonaro (PL). É visto como nome de confiança e leal pelo ex-presidente. Foi no governo Bolsonaro que ele comandou a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) —ele pediu exoneração do cargo com a vitória de Lula, em 2022.

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