Vance diz que uso da força militar sob Trump será cuidadoso e decisivo
Por Steve Holland e Doina Chiacu
WASHINGTON (Reuters) - O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, disse nesta sexta-feira que os Estados Unidos, sob o comando do presidente Donald Trump, escolherão cuidadosamente quando usar a força militar e evitarão o envolvimento em conflitos sem fim, no que ele chamou de uma ruptura com as políticas recentes dos EUA.
Vance, que fez o discurso de formatura na Academia Naval dos EUA em Annapolis, Maryland, também alertou que os Estados Unidos enfrentam sérias ameaças da China, Rússia e outras nações e terão que manter sua vantagem tecnológica.
"A era do domínio incontestável dos EUA acabou", disse Vance aos formandos, que se tornarão oficiais da Marinha e do Corpo de Fuzileiros Navais.
Vance afirmou que a ordem de Trump de usar a força contra os rebeldes Houthi no Iêmen acabou levando a um cessar-fogo como parte de um acordo no qual o grupo concordou em interromper os ataques a alvos marítimos norte-americanos no Golfo.
"Devemos ser cautelosos na decisão de dar um soco, mas quando damos um soco, damos um soco forte e o fazemos de forma decisiva", disse Vance.
Ex-senador de Ohio que serviu no Corpo de Fuzileiros Navais, Vance avaliou que alguns presidentes recentes envolveram os Estados Unidos em conflitos que não eram essenciais para a segurança nacional norte-americana.
Ele não nomeou os ex-presidentes criticados. Mas seus comentários sugeriram que ele se referia ao ex-presidente George W. Bush, um republicano que iniciou as guerras lideradas pelos EUA no Iraque e no Afeganistão, e seu sucessor Barack Obama, um democrata que manteve a guerra no Afeganistão. A retirada caótica dos EUA em 2021, após Joe Biden se tornar presidente, continua a ser duramente criticada por Trump.
"Tivemos um longo experimento em nossa política externa que trocou a defesa nacional e a manutenção de nossas alianças pela construção de nações e intromissão nos assuntos de países estrangeiros, mesmo que esses países estrangeiros tivessem muito pouco a ver com os principais interesses norte-americanos", disse Vance.
"Chega de missões indefinidas, chega de conflitos sem fim", acrescentou.
A retórica incisiva de Vance ecoou as tendências isolacionistas de Trump, que tem instigado as nações da Otan a gastar mais em sua própria defesa para aliviar a carga sobre os Estados Unidos.
Trump pediu o aumento dos gastos militares dos EUA e, nesta semana, ordenou a construção do sistema de defesa antimísseis Golden Dome, uma vasta rede de satélites e armas na órbita da Terra que custará US$175 bilhões.
(Reportagem de Steve Holland e Doina Chiacu)