Credores da Braskem ainda estão céticos em relação à proposta de Tanure, dizem fontes
Por Luciana Magalhaes
SÃO PAULO (Reuters) - O governo federal e bancos locais, credores relevantes da Braskem, estão até agora céticos em relação à proposta do empresário Nelson Tanure para adquirir o controle da petroquímica, segundo duas fontes familiarizadas com o assunto.
Por enquanto, os credores ainda preferem um plano que está em curso para reestruturar a empresa e, com o tempo, vender as ações dadas como garantia por empréstimos, disseram as fontes.
Segundo as mesmas pessoas, os bancos foram surpreendidos pela oferta de Tanure e ainda não se reuniram com o empresário para discutir a proposta. Uma terceira fonte acrescentou que Tanure tem se reunido com a direção desses bancos, mas ainda não forneceu detalhes sobre sua proposta.
Na sexta-feira, o empresário fez uma oferta pela participação da Novonor na Braskem, cujos detalhes financeiros ainda não foram divulgados. Em comunicado, Tanure disse estar comprometido com o investimento de longo prazo na Braskem.
Antes dessa proposta, bancos -- incluindo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) -- vinham mantendo conversas com empresas especializadas, como a Geribá Investimentos e a IG4 Capital, que atuam com investimentos alternativos ou situações especiais, disseram as fontes.
O BNDES e a IG4 Capital se recusaram a comentar. A Geribá não respondeu aos pedidos de comentário.
O plano era contratar uma empresa de investimentos para reestruturar a Braskem, com o objetivo de aumentar seu valor de mercado e permitir que os credores vendessem suas ações gradualmente, recuperando os valores devidos pela Novonor.
Segundo as fontes, os bancos ainda não haviam finalizado contratos com nenhuma das firmas de investimento com as quais negociavam. Uma delas também observou que os bancos continuam abertos a explorar outras opções e podem eventualmente vir a contratar uma empresa de reestruturação que ainda não foi abordada.
A Novonor, antiga Odebrecht, tenta há anos vender sua participação na Braskem, depois que, no auge da operação "Lava Jato", colocou suas ações da petroquímica como garantia de R$15 bilhões em dívidas bancárias. Hoje, as ações oferecidas em garantia valem menos de um terço do valor da dívida.
Na sexta-feira, a Novonor confirmou que recebeu uma proposta não vinculante de um fundo detido por Tanure. A empresa acrescentou que a proposta ainda está sujeita a determinadas condições, incluindo a conclusão das negociações com os bancos credores e o cumprimento das obrigações da Novonor com a Petrobras, segunda maior acionista da Braskem.