Grupo de extermínio de militares tinha 'letalidade imensurável', diz Zanin

O ministro Cristiano Zanin, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou que o grupo de militares que abriram uma empresa para realizar ações de espionagem e homicídios tinha "letalidade potencial imensurável". O grupo se autodenominava de "Comando C4: Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos".
O que aconteceu
Zanin afirma que a "letalidade nas ações" do grupo de militares mostra que é perigoso deixá-los em liberdade. "O exame verticalizado da representação policial sugere capacidade de identificação, monitoramento de alvos, agenciamento de pessoal e capacidade operacional, inclusive financeira, a denotar elevado potencial de letalidade nas ações da organização criminosa, o que evidencia o perigo de manutenção da liberdade dos indivíduos", disse Zanin, em documento que o UOL teve o.
A empresa, no papel, seria destinada a serviços de segurança privada, mas, na verdade, segundo a PF, operava serviços ilegais. Cinco pessoas foram presas ontem pela Polícia Federal.
Dito de outro modo, a letalidade potencial da organização é imensurável, dada sua elevada capacidade operacional e bélica, notadamente porque integrada por agentes que pertencem ou pertenceram às Forças Armadas e que receberam treinamento militar especializado.
Ministro Cristiano Zanin
Integrantes da organização poderiam fugir, afirma Zanin. "À gravidade concreta da conduta, revelada pelo modus operandi, e à periculosidade dos agentes, adiciona-se a plausível hipótese de fuga em concreto, uma vez que a organização pode disponibilizar a seus agentes expertise e meios para ocultação e travessia de fronteira. Há, pois, fator de risco à aplicação da lei penal, a reforçar a indispensabilidade da medida cautelar."
A organização criminosa mantinha "tabela de valores atribuídos à execução de homicídios, cujos preços variavam conforme a função exercida pela vítima". A PF detectou a existência de uma tabela com preços para espionar ou até mesmo matar autoridades do STF e parlamentares do Congresso Nacional.
A Polícia Federal apontou que os ministros Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin, do STF, e o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) seriam possíveis alvos do grupo. Os nomes dessas autoridades foram encontrados em anotações e diálogos vinculados aos suspeitos.
A tabela apreendida mostra que os preços cobrados variavam conforme o alvo. Pelos valores, considerados baixos, a PF suspeita de que esses preços seriam para espionar os alvos:
- Ministros / Judiciário: R$ 250 mil
- Senadores: R$ 150 mil
- Deputados: R$ 100 mil
- Figuras normais: R$ 50 mil
Operação da PF se baseou em documentos apreendidos no ano ado na residência do coronel da reserva Etevaldo Caçadini, preso desde janeiro do ano ado. Ele foi detido por suspeita de envolvimento no assassinato do advogado Roberto Zampieri, morto no final de 2023 em Cuiabá. Na época, a investigação era realizada pela Polícia Civil de Mato Grosso. A investigação, depois, foi enviada ao STF e à Polícia Federal, porque no celular de Zampieri foram encontrados indícios de corrupção envolvendo servidores de tribunais superiores.