Carla Zambelli deixou o Brasil pela fronteira com Argentina no fim de maio
Condenada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) deixou o Brasil pela fronteira com a Argentina, segundo o UOL apurou.
O que aconteceu
Zambelli não está no Brasil desde o dia 25 de maio, seguindo para Buenos Aires, capital da Argentina. De lá, ela deixou a América do Sul. Hoje, ela afirmou que as autoridades brasileiras podem até acionar a Interpol, mas não vão conseguir fazer com que ela volte ao Brasil.
"Vou me basear na Europa, tenho cidadania europeia", disse ela. A parlamentar ainda negou que esteja abandonando o país. "Gostaria de deixar evidente que não é um abandono do país. Muito pelo contrário, é resistir, é continuar falando o que eu quero falar", declarou. A entrevista foi dada à rádio Auriverde.
Zambelli estava com seu aporte em mãos, e não havia mandado de prisão contra ela. O documento chegou a ser apreendido em 2023, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, mas foi devolvido. A avaliação de fontes do Supremo é que ela não teria impedimento para viajar, mas Moraes ainda pode avaliar o caso e eventualmente determinar outras medidas, como uma possível prisão por fuga.
Deputada foi condenada a dez anos de prisão e à perda de mandato pela Primeira Turma do STF, em 14 de maio. Ela foi acusada de invadir os sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Acusação aponta que ela atuou em conjunto com o hacker Walter Delgatti Neto. Segundo a PGR, Zambelli planejou um ataque virtual que inseriu no sistema do CNJ decisões judiciais forjadas, como um mandado de prisão de Moraes contra ele mesmo, com o trecho: "Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L", diz o documento falso.
Defesa de Zambelli
Parlamentar afirmou que saiu do Brasil para fazer tratamento médico, mas que vai pedir licença do mandato na Câmara. "Agora vou pedir para me afastar do cargo, tem essa possibilidade na Constituição e o a não receber mais salário. O gabinete a a ser ocupado pelo meu suplente", explicou.
Não há impedimento para que Zambelli deixe o Brasil, mesmo condenada, afirma a defesa da deputada. No fim de maio, a equipe jurídica da parlamentar recorreu contra a sentença do STF e pediu a absolvição da deputada. Os advogados alegam que houve cerceamento de defesa pela falta de o a todas as provas produzidas durante a investigação.
Ela diz que terá postura similar à de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA. "Quero ajudar o Chega, em Portugal, quero ajudar o André Ventura... O conservadorismo precisa avançar e precisamos de homens e mulheres para isso". O partido de ultradireita Chega tornou-se a principal legenda da oposição em Portugal —Ventura é o líder do grupo.
Advogado deixou a defesa da deputada. Daniel Bialski disse ter sido "apenas comunicado pela deputada que estaria fora do Brasil para dar continuidade a um tratamento de saúde". "Todavia, por motivo de foro íntimo, estou deixando a defesa da deputada", afirmou em nota.