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Branca, rica e bonita: relator recomenda arquivar denúncia contra vereadora

Vereadora Cris Monteiro (Novo) - Reprodução/Instagram/@crismonteirosp
Vereadora Cris Monteiro (Novo) Imagem: Reprodução/Instagram/@crismonteirosp

O vereador Marcelo Messias (MDB) recomendou o arquivamento da denúncia feita contra a vereadora Cris Monteiro (Novo), que afirmou que sua presença gerava incômodo por se tratar de uma mulher "branca, rica e bonita" durante uma sessão na Câmara Municipal de São Paulo.

O que aconteceu

"Não há, até o momento, evidência suficiente de que sua intenção tenha sido a de ofender, discriminar ou atacar", afirma Messias no parecer. No documento, ao qual o UOL teve o, o vereador afirma que a fala "mal colocada" é "ível de crítica", mas ocorreu "durante debate político acalorado".

Messias entende que não houve "dano concreto, grave e irreparável à reputação da Casa Legislativa" com o episódio. O ponto é o segundo argumento apresentado pelo vereador para que o caso seja arquivado.

Perda de mandato é medida "extrema" e exige "mais do que a insatisfação de parte dos parlamentares ou da população". Para Messias, "é necessário demonstrar que a conduta extrapolou os limites da liberdade de expressão a ponto de comprometer a dignidade do cargo, a autoridade institucional e a confiança da sociedade na Casa".

Autora da denúncia se diz "chocada" com parecer. Luana Alves (PSOL) afirmou que deve procurar a Corregedoria da Câmara amanhã para esclarecimentos e que não vai aceitar que o caso seja simplesmente arquivado.

A fala tem um tom de supremacia branca, de se colocar acima da população negra, escancaradamente racista. Esse relatório pra mim é uma vergonha e vai na contramão de exemplos que a Câmara já deu
Luana Alves (PSOL), vereadora em São Paulo

Parecer será votado por Corregedoria da Câmara amanhã. Caso os membros do órgão concordem com a avaliação de Messias de que a denúncia merece ser arquivada, o caso é encerrado. O mesmo acontece caso entendimento seja de que uma advertência é a pena adequada para a situação. A situação vai a plenário se um novo parecer pela perda do mandato for aprovado pela maioria da Corregedoria, como aconteceu com o vereador Camilo Cristófaro (Avante) em 2023.

Episódio aconteceu em 2 de maio. Naquele dia, a Câmara votava o reajuste de servidores municipais. A declaração de Cris foi dirigida a sindicalistas que estavam no local. "Lamento profundamente se alguém em particular se sentiu ofendido com a minha fala", afirmou Cris posteriormente, o que é lembrado por Messias no parecer.

Procurado, Messias não se manifestou sobre o caso até a publicação da reportagem. Já Cris informou que "respeita e confia nos órgãos internos e nos procedimentos da Câmara" e que "seguirá realizando seu trabalho normalmente enquanto a Corregedoria analisa o caso e toma uma decisão".

Vereadora sofre ameaça

Telefonema alertou segurança da Câmara de que alguém iria esfaquear Cris Monteiro. Episódio aconteceu ontem e foi revelado hoje pela vereadora durante fala na tribuna.

Vereadora realizava evento para prestação de contas do mandato. Na fala de hoje, ela afirmou que irá registrar um boletim de ocorrência relacionado à situação.

No ano ado, recebi uma quantidade imensa de e-mails com ofensas e ameaças de estupro e morte, falando coisas no detalhe que quem lê a mal
Cris Monteiro (Novo), vereadora em São Paulo

Caso de violência política de gênero não é o primeiro a vir à tona em São Paulo nesta semana. No último sábado, deputadas estaduais de São Paulo receberam e-mails com ameaças de morte e estupro. Ontem, a Alesp divulgou que deve reforçar seu esquema de segurança em função da situação.

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