Crescimento do crédito no Brasil tem sinais leves de desaceleração no 1º tri, diz ata do Comef
SÃO PAULO (Reuters) - O Comitê de Estabilidade Financeira do Banco Central (Comef) apontou que o crescimento do crédito no Brasil mostrou sinais leves de desaceleração no primeiro trimestre de 2025, tanto no sistema financeiro quanto no mercado de capitais, de acordo com a ata da mais recente reunião do grupo, em 27 e 28 de maio.
No documento divulgado nesta quarta-feira, o Comef observou, por outro lado, que o ritmo de crescimento do crédito amplo segue "historicamente elevado", apesar de condições restritivas, que incluem a taxa básica de juros alta e o elevado endividamento de famílias e empresas.
Segundo o Comef, esse ritmo de crescimento acompanha a atual resiliência da atividade econômica.
"Apesar da leve desaceleração na margem, o crédito amplo continua com forte crescimento, em um ambiente marcado por elevação da taxa básica de juros e alto endividamento de famílias e empresas", disse o Comef na ata da reunião.
No mês ado, o Comitê de Política Monetária do BC (Copom) elevou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 14,75% ao ano, deixando o movimento da reunião deste mês em aberto.
O Comef destacou que a desaceleração no primeiro trimestre pode ser observada, entre pessoas físicas, no crédito não consignado e no financiamento de veículos, com uma queda "mais forte" no crédito rural.
Já em relação às pessoas jurídicas, houve estabilidade no ritmo de crescimento do crédito bancário, após a aceleração vista em 2024.
Sobre os riscos ao cenário de crédito, o Comef relatou que a materialização de risco para micro e pequenas empresas segue elevada, enquanto para as famílias notou-se que as modalidades de crédito de maior risco continuam crescendo em ritmo maior que as modalidades de menor risco.
"O comprometimento de renda e o endividamento das famílias permanecem elevados e em trajetória ascendente, especialmente entre as faixas de menor renda", completou o Comitê.
Por fim, o Comef indicou como outro ponto de atenção os riscos no cenário global, que podem provocar a reprecificação de ativos, com agravamento das incertezas sobre o ritmo da atividade, da extensão dos juros elevados, da sustentabilidade fiscal, das políticas comerciais e dos eventos geopolíticos.
"O Comitê está atento à evolução dos cenários doméstico e internacional e segue preparado para atuar, de forma a minimizar eventual contaminação desproporcional sobre os preços dos ativos locais."
(Por Fernando Cardoso)