Topo
Notícias

Merz se reúne com Trump sob sombra de tensões comerciais

05/06/2025 15h54

Merz se reúne com Trump sob sombra de tensões comerciais - Em reunião sem sobressaltos, chanceler federal alemão e presidente dos EUA conversam sobre as tarifas e Ucrânia. Trump sugere que os EUA podem deixar Kiev e Moscou "lutarem por mais algum tempo" antes de "separá-los".O chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz, foi recebido nesta quinta-feira (05/06) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca.

O alemão e o americano trataram de temas como a guerra na Ucrânia e as tensões envolvendo o comércio internacional, exacerbadas pelas tarifas impostas por Washington.

O encontro transcorreu sem sobressaltos, em contraste com outras reuniões recentes de Trump no Salão Oval com outros líderes estrangeiros, entre eles os presidentes da Ucrânia, Volodimir Zelenski, e da África do Sul, Cyril Ramaphosa.

Trump disse que ele e Merz têm um bom relacionamento de trabalho. "Ele é um homem muito bom de se lidar, é difícil, mas é um grande representante da Alemanha."

O americano avaliou como positivo o aumento dos gastos em defesa pelo novo governo em Berlim e afirmou que as tropas americanas baseadas há décadas em solo alemão permanecerão no país – durante a campanha eleitoral do ano ado, ele chegou a sugerir uma retirada das forças americanas de suas bases na Europa central.

Tensões comerciais

Em sua primeira visita oficial a Washington desde que assumiu o cargo, em maio, Merz disse desejar um relacionamento mais aprofundado entre a Alemanha e os Estados Unidos.

Mas, apesar do tom amigável do encontro, as tensões comerciais também estavam presentes, enquanto Berlim em Bruxelas trabalham para aplacar os efeitos das tarifas de importação impostas pelo governo Trump.

Os EUA e a União Europeia (UE) negociam um acordo comercial, o que seria crucial para a economia alemã, fortemente baseada nas exportações. Trump, contudo, disse que ficaria satisfeito ou com um acordo ou com a imposição das tarifas.

"Tudo o que queremos é ter um bom relacionamento. Teremos um bom acordo comercial", disse Trump, acrescentando que qualquer acordo também diz respeito à UE. "Espero que possamos atingir um acordo comercial", disse Trump. "Por mim, tudo ok com as tarifas, ou fazemos um acordo comercial."

As tarifas dos EUA, o principal parceiro comercial da Alemanha, atingem principalmente as indústrias automotiva e farmacêutica do país europeu. Ao mesmo tempo, Berlim também lida com a concorrência chinesa cada vez mais acirrada em setores importantes, como automóveis e máquinas.

Otan e Ucrânia

No encontro com Merz, Trump comparou a guerra entre Ucrânia e Rússia a uma briga entre duas crianças que se odeiam. "Às vezes, é melhor deixá-los lutar por algum tempo e depois separá-los", disse, acrescentando que usou essa mesma analogia durante um telefonema com o presidente russo, Vladimir Putin, nesta quarta-feira.

Merz enfatizou que tanto ele quanto Trump concordavam sobre a guerra e "o quão terrível ela está se desenrolando". Ele salientou que o presidente dos EUA seria a "pessoa-chave" para pôr fim ao derramamento de sangue.

O encontro na Casa Branca ocorreu poucas semanas antes de uma cúpula Otan tida como crucial. A aliança militar do Atlântico Norte tem sido abalada pelas ameaças de Trump de que os EUA não ajudariam os aliados que não ampliarem seus gastos com defesa.

Tais ameaças são particularmente preocupantes para a Alemanha, que tem confiado na dissuasão nuclear dos EUA para sua segurança desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Merz, porém, já adotou algumas medidas ousadas que, segundo analistas teriam potencial para apaziguar Trump. O chanceler apoiou sua exigência para que os membros da Otan se comprometam com a meta de ampliar seus gastos com defesa para 5% de suas produções econômicas nacionais, sendo elogiado no último fim de semana pelo secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth.

Apoio alemão à Ucrânia

O líder alemão, no entanto, que a Alemanha está do lado da Ucrânia e lembrou que Kiev ataca apenas alvos militares russos, não civis. "Estamos tentando deixa-los mais fortes", disse o chanceler, após Berlim prometer reforçar o envio de armas a Kiev e colaborar com a produção de mísseis de longo alcance.

Desde o início de seu governo, Merz deixou claro o apoio de seu país à Ucrânia. No início de maio, dias após assumir o cargo, ele participou de uma viagem a Kiev com outros líderes europeus. Na semana ada, ele recebeu Zelenski em Berlim.

Merz agradeceu a Trump por seu apoio a um cessar-fogo incondicional na Ucrânia, mas rejeitou a ideia de uma "paz ditada" ou "subjugação" ucraniana, além de defender a imposição de novas sanções contra a Rússia.

Merz e Trump também possuem alguns pontos em comum. Ambos possuem experiência no setor empresarial, são filiados a partidos políticos de centro-direita, trabalham – cada um a seu modo – no combate à imigração ilegal e compartilham uma paixão pelo golfe, observou Steven Sokol, presidente e CEO do Conselho Americano sobre a Alemanha.

rc (Reuters, AP, DW)

Notícias