Trump e Xi concordam em continuar conversas em meio a disputa comercial
PEQUIM (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da China, Xi Jinping, abordaram semanas de tensões comerciais crescentes e uma disputa sobre minerais essenciais em uma rara ligação entre os dois líderes nesta quinta-feira, que deixou questões importantes para futuras conversas.
Durante a ligação de mais de uma hora, Xi pediu que Trump recuasse em relação às medidas comerciais que têm abalado a economia global e o advertiu contra ações ameaçadoras em relação a Taiwan, de acordo com um relato do governo chinês.
Mas Trump disse nas redes sociais que a conversa, focada principalmente no comércio, levou a "uma conclusão muito positiva", anunciando mais discussões entre os EUA e a China, e que "não deve mais haver dúvidas sobre a complexidade dos produtos de terras raras".
Mais tarde, ele disse a repórteres: "Estamos em uma boa forma com a China e o acordo comercial".
Os líderes também convidaram um ao outro para visitar seus respectivos países.
A esperada ligação ocorre em meio a acusações entre Washington e Pequim nas últimas semanas sobre minerais críticos em uma disputa que ameaça romper uma frágil trégua na guerra comercial alcançada em maio.
Uma delegação dos EUA liderada pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, pelo secretário de Comércio, Howard Lutnick, e pelo representante comercial, Jamieson Greer, se reunirá com seus pares chineses "em breve em um local a ser determinado", disse Trump nas redes sociais.
Os países fecharam um acordo de 90 dias em 12 de maio para reverter algumas das altas tarifas que haviam imposto um ao outro desde a posse de Trump em janeiro.
O acordo temporário não abordou preocupações mais amplas que prejudicam o relacionamento bilateral, desde o comércio ilícito de fentanil até o status de Taiwan e as reclamações dos EUA sobre o modelo econômico da China, dominado pelo Estado e voltado para a exportação.
Desde que retornou à Casa Branca em janeiro, Trump tem ameaçado parceiros repetidamente com uma série de tarifas punitivas, apenas para revogar algumas delas de última hora.
A abordagem do tipo "vai e volta" tem confundido líderes mundiais e assustado executivos, que dizem que a incerteza dificulta a previsão das condições do mercado.
A decisão da China, em abril, de suspender as exportações de uma ampla gama de minerais essenciais continua prejudicando o o a suprimentos necessários para montadoras, fabricantes de chips e corporações de defesa em todo o mundo.
Pequim vê as exportações de minerais como uma fonte de influência - a interrupção dessas exportações pode exercer pressão política interna sobre o presidente dos EUA se o crescimento econômico diminuir porque as empresas não podem produzir produtos movidos a minerais.
O acordo de 90 dias para reduzir as tarifas e as restrições comerciais é tênue. Trump acusou a China de violar o acordo e ordenou restrições a remessas para a China. Pequim rejeitou a alegação e ameaçou com contramedidas.
"O lado norte-americano deve ter uma visão realista do progresso feito e retirar as medidas negativas impostas à China", disse o governo chinês em uma declaração publicada pela agência de notícias estatal Xinhua.
"Xi Jinping enfatizou que os Estados Unidos devem lidar com a questão de Taiwan de forma prudente."
GRANDES RIVAIS
Nos últimos anos, os EUA têm identificado a China como seu principal rival geopolítico e o único país do mundo capaz de desafiar os EUA econômica e militarmente.
Apesar disso e dos repetidos anúncios de tarifas, Trump tem falado com iração de Xi, incluindo sobre a dureza e a capacidade do líder chinês de permanecer no poder sem os limites de mandato impostos aos presidentes dos EUA.
Trump tem insistido há muito tempo em realizar um telefonema ou reunião com Xi, mas a China vinha rejeitando essa possibilidade por considerá-la incompatível com sua abordagem tradicional de definir os detalhes de um acordo antes que os líderes conversem.
O presidente dos EUA e seus assessores consideram que as conversas entre líderes são vitais para resolver os imes que têm atormentado autoridades de nível inferior em negociações difíceis.
A ligação desta quinta-feira foi feita a pedido de Trump, segundo a China.
Não se sabe quando os dois presidentes conversaram pela última vez.
Ambos os lados disseram que conversaram em 17 de janeiro, dias antes da posse do norte-americano, e Trump disse repetidamente que havia conversado com Xi desde que assumiu o cargo em 20 de janeiro. Ele se recusou a dizer quando ocorreu a ligação ou a dar detalhes da conversa. A China havia dito que os dois líderes não tinham tido nenhuma ligação recente.
As negociações estão sendo acompanhadas por investidores preocupados com o fato de que uma guerra comercial possa prejudicar empresas e perturbar cadeias de oferta nos meses antes da temporada de compras de Natal. As tarifas de Trump também são objeto de litígio em andamento nos tribunais dos EUA.
Trump já se encontrou com Xi em várias ocasiões, incluindo visitas em 2017, mas eles não se encontram pessoalmente desde as conversas de 2019 em Osaka, no Japão.
Xi viajou pela última vez aos EUA em novembro de 2023, para uma cúpula com o então presidente norte-americano, Joe Biden, resultando em acordos para retomar as comunicações entre militares e reduzir a produção de fentanil.
(Por Xiuhao Chen, Ryan Woo e Yukun Zhang em Pequim; Trevor Hunnicutt e David Brunnstrom em Washington)