Petro denuncia segurança reduzida antes de pré-candidato à Presidência ser baleado
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, denunciou, nesta segunda-feira (9), que o dispositivo de segurança do senador e pré-candidato da oposição à Presidência Miguel Uribe, "foi reduzido estranhamente" antes de ele ser baleado.
No sábado, o líder do Centro Democrático, principal partido de direita do país, levou três tiros durante um evento de campanha em Bogotá. Após ter ado por uma cirurgia, a situação do político de 39 anos é de "máxima gravidade" e seu prognóstico é reservado, segundo a clínica onde é atendido.
Petro assegurou que o número de seguranças foi reduzido "no dia do atentado", quando supostamente um matador de aluguel de 15 anos abriu fogo contra Uribe antes de ser detido. O esquema de segurança teria ado de "sete para três pessoas" antes do ataque, afirmou o presidente na rede social X.
Na Colômbia, a segurança de políticos de alto perfil e pessoas ameaçadas fica a cargo de uma entidade oficial denominada Unidade Nacional de Proteção (UNP).
- "Indefeso" -
O diretor da UNP, Augusto Rodríguez, disse à imprensa que Uribe era protegido por três funcionários diretos deste organismo e quatro policiais.
Segundo ele, durante boa parte do sábado, os seguranças da UNP estiveram descansando após um longo dia de trabalho na véspera.
Isso explica porque no momento dos fatos "havia menos pessoas do que deveria haver" no esquema de segurança. Rodríguez disse, ainda, que neste caso o encarregado de coordenar a logística entre os seguranças era um dos policiais.
Rodríguez é uma das pessoas mais próximas a Petro. Ambos integraram a extinta guerrilha M-19.
Mais cedo, o advogado de Uribe disse ter apresentado uma denúncia penal contra o diretor da UNP, pois este ano fez mais de 20 pedidos para reforçar o dispositivo de segurança de seu cliente, mas supostamente não foi atendido.
O jurista pediu à Procuradoria para abrir uma investigação que "estabeleça se, por omissão, o Estado deixou" Uribe "indefeso".
No entanto, a procuradora-geral colombiana, Luz Adriana Camargo, disse à imprensa que Uribe tinha à disposição um esquema de segurança "robusto", igual ao de outros congressistas: sete guarda-costas e dois veículos blindados.
Segundo a procuradora-geral, Uribe não denunciou à Procuradoria sofrer ameaças de morte.
- Menor detido -
Um adolescente de 15 anos foi capturado pelos guarda-costas de Uribe como suspeito de tentar ass o pré-candidato às eleições presidenciais de 2026.
A procuradora-geral assegurou, nesta segunda-feira, que o menor apreendido poderia ar até oito anos privado de liberdade se for considerado culpado, embora não em um presídio comum por causa da idade.
Camargo acrescentou, durante a coletiva, que o adolescente foi operado de um ferimento a bala em uma perna antes de ser detido. Segundo a procuradora, ele será interrogado quando se recuperar.
O presidente Petro disse que o menor de idade participou de um programa social de seu governo voltado para jovens vulneráveis, no qual "demonstrou uma personalidade completamente conflituosa". Era difícil para ele "estabelecer vínculos intersociais", afirmou na rede social X.
Uma das hipóteses é que ele tenha sido contratado por uma "rede de sicários" que busca menores para executar "condutas graves como" o atentado contra Uribe, segundo as autoridades, que ainda procuram os autores intelectuais do crime.
- Arma comprada nos EUA -
O diretor da Polícia Nacional colombiana, general Carlos Triana, informou que a pistola Glock aparentemente utilizada para ferir Uribe foi adquirida legalmente no Arizona, Estados Unidos, em 2020. Ainda não se sabe como entrou na Colômbia.
Segundo o ministro da Defesa, Pedro Sánchez, estão sendo consideradas várias hipóteses sobre os motivos do atentado. Uma delas é que se tratou de uma mensagem contra o partido Centro Democrático, liderado pelo influente ex-presidente Álvaro Uribe.
O ex-presidente, que governou entre 2002 e 2010, denunciou, por sua vez, outro suposto ataque. "A inteligência internacional me informa da preparação de outro atentado contra mim", afirmou no X.
Segundo o ministro Sánchez, outra hipótese é que o ataque de sábado seja uma tentativa de "desestabilizar" o governo do presidente de esquerda Gustavo Petro, a quem setores da direita acusam de incitar ódio contra a oposição.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou "deplorável" o ataque, que "deve ser investigado exaustivamente" para levar os responsáveis "perante a justiça".
O atentado contra o senador Miguel Uribe Turbay adiciona tensão à corrida presidencial, que está apenas começando em meio a fortes disputas entre a esquerda de Petro e a oposição que busca recuperar o poder.
O general Triana afirmou que o Estado reforçará a segurança de pelo menos 30 pré-candidatos.
O primeiro turno das eleições presidenciais acontecerá em 31 de maio de 2026 e, se necessário, o segundo turno está previsto para 21 de junho.
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