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Adolescente acusado de balear presidenciável na Colômbia se diz inocente

10/06/2025 16h12

O adolescente de 15 anos, suspeito de balear o pré-candidato à presidência da Colômbia Miguel Uribe, declarou-se inocente, nesta terça-feira (10), do crime de tentativa de homicídio, informou uma fonte da Ministério Público à AFP.

Também denunciado por porte e fabricação de armas, o menor foi apreendido no sábado depois de supostamente ferir com três tiros o senador de direita durante uma reunião com dezenas de pessoas em um parque de Bogotá.

O líder do partido Centro Democrático, opositor do governo do esquerdista Gustavo Petro, está em uma unidade de terapia intensiva e sua condição é estável, mas crítica, segundo o boletim médico mais recente.

Em frente à clínica, sua esposa, María Claudia Tarazona, disse a jornalistas que o senador "segue lutando por sua vida".

Ainda são desconhecidas as razões e os autores intelectuais do atentado.

O suposto atirador tentou fugir, mas seguranças de Uribe o balearam em uma perna e o detiveram. O menor teve que ar por cirurgia.

Um juiz impôs "ao adolescente medida de internação preventiva" em um "centro especializado" para menores, segundo o órgão investigador.

Uma fonte da entidade disse que o suspeito foi levado do hospital para um bunker do Ministério Público em Bogotá, enquanto se decide um local de destino onde ele "não corra perigo".

Uma fotógrafa da AFP observou a transferência em meio a um forte esquema de segurança com dezenas de policiais, caminhonetes e um helicóptero.

Se for considerado culpado, ele pode ar até oito anos em privação de liberdade, embora não em um presídio comum por ser menor de idade, assinalou a procuradora-geral, Luz Adriana Camargo.

Petro anunciou na rede social X que pediu ajuda para a investigação a "organizações secretas" dos Estados Unidos.

O ministro da Defesa, Pedro Sánchez, assegurou que o adolescente recebeu dinheiro em troca de atirar em Miguel Uribe, mas não informou o montante.

- Máfia 'internacional' -

Petro apontou a "máfia internacional" como possível responsável pelo ataque ao senador da oposição.

Há "indícios muito fortes que chegaram a dirigentes muito altos da oposição" e da situação, afirmou o presidente.

O presidente pediu o reforço da segurança de altos dirigentes da direita, como o ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), líder do Centro Democrático.

Na segunda-feira, o influente ex-presidente denunciou que a "inteligência internacional" o informou sobre um suposto plano para atentar contra ele. O Centro Democrático afirma que supostamente são oferecidos US$ 8 milhões (R$ 44 milhões, na cotação atual) para ass seus líderes.

Se a máfia está por trás do crime, possivelmente se deve a que o governo "bateu duríssimo" no narcotráfico, assegurou Petro.

Quando foi capturado, o jovem gritava que recebia ordens de uma pessoa da "olla" (a), como são denominados na Colômbia os pontos de venda de drogas.

O presidente também denunciou que, no dia do ataque, a equipe de segurança de Miguel Uribe tinha sido reduzida "estranhamente" de sete para três seguranças.

A Promotoria Penal Militar e Policial anunciou que abriu uma investigação diante da presença de alguns militares ativos no esquema de segurança.

- Jovens pobres -

Nos últimos dias,Sánchez mencionou outras linhas de investigação para determinar as motivações do atentado.

Uma delas é que se tratou de uma mensagem contra o Centro Democrático, partido que busca recuperar o poder nas eleições presidenciais de 2026.

Outra é seja uma tentativa de "desestabilizar" o governo Petro, que os setores de direita acusam de incitar ódio à oposição.

Na segunda-feira, Petro disse que o menor participou de um programa social de seu governo para jovens vulneráveis, no qual "demonstrou uma personalidade completamente conflituosa".

Tinha dificuldades em "estabelecer vínculos intersociais", afirmou o presidente.

A procuradora-geral explicou que, possivelmente, o atirador não sabe quem encomendou o crime e simplesmente foi contratado por uma "rede de assassinos de aluguel".

Desde a época do Cartel de Medellín, chefiado por Pablo Escobar, que semeou o terror na Colômbia nos anos 1980 e 1990, as máfias usam menores de idade para cometer estes crimes.

No geral, eles vêm de famílias pobres, vivem em bairros marginalizados ou estão afastados de seus pais.

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© Agence -Presse

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