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'Espaguete de suicida': Não existe ideia fora do limite em 'Rick and Morty'

"Rick and Morty" estreia oitava temporada na HBO Max - Divugalção
'Rick and Morty' estreia oitava temporada na HBO Max Imagem: Divugalção
do UOL

De Splash, em São Paulo

25/05/2025 05h30

"Rick and Morty" chega à oitava temporada na HBO Max e, com novos episódios, mantém a loucura e o caos como carros chefes de suas histórias. Scott Marder, showrunner da série, conversou com Splash e revelou o processo criativo por trás de um dos episódios mais chocantes da série: "That's Amorte", o quarto episódio da sétima temporada, no qual Rick transforma membros de uma família suicida em... espaguete.

Na nossa equipe de roteiristas, literalmente, nenhuma ideia é considerada fora dos limites. Ouvimos coisas absurdas o tempo todo. O que faz uma premissa ir para o ar não é ser 'aceitável', mas ter sustância suficiente para sustentar um episódio inteiro.
Scott Marder

Segundo ele, "uma ideia ser louca não a desqualifica no nosso universo. Ela só precisa ser forte o bastante para valer a pena."

Cena do trailer da quinta temporada de 'Rick and Morty' - Reprodução/YouTube - Reprodução/YouTube
Cena do trailer da quinta temporada de 'Rick and Morty'
Imagem: Reprodução/YouTube

Sobre o polêmico "That's Amorte", onde a família Smith começa a usar um delicioso espaguete feito de cadáveres de pessoas que cometeram suicídio em uma dimensão alternativa, Marder não esconde seu fascínio. "Essa premissa é o sonho de qualquer roteirista da nossa série. Eu mesmo pensei: 'Isso nunca aria em nenhum outro programa'. E exatamente por isso sabíamos que tínhamos que desenvolver."

Marder ite que até para os padrões da série, o conceito era extremo. "Quando uma ideia é tão única que só funcionaria em 'Rick and Morty', temos a obrigação de explorá-la. Não pelo choque gratuito, mas porque é aí que encontramos ouro criativo. Mas confesso: quando ouvi pela primeira vez, fiquei horrorizado. Mas é exatamente essa reação que nos diz que estamos no caminho certo. Se uma ideia é tão perturbadora que me faz questionar 'como diabos vamos fazer isso?', geralmente vale a pena."

O segredo está em equilibrar o absurdo com narrativa. Não se trata apenas de ser mórbido —o episódio precisava ter coração, desenvolvimento de personagens e um fio condutor emocional. Caso contrário, seria só um susto barato.

Rick: niilista ou um babaca com razão?

Dan Harmon, criador de "Rick and Morty", também falou com Splash e, questionado se Rick Sanchez é uma figura trágica ou somente "um babaca que às vezes está certo", Harmon disparou: um babaca que talvez acerte 50% das vezes. "Morty representa o oposto: se o universo não tem um centro, então onde você está é o lugar mais importante", explicou, destacando o equilíbrio entre o niilismo de Rick e o humanismo latente da série.

'Rick and Morty' - Divulgação - Divulgação
'Rick and Morty' é conhecido pelo caos
Imagem: Divulgação

Harmon ainda refletiu sobre o apelo público do niilismo. "As pessoas se identificam não porque acreditam que nada importa, mas porque suspeitam que muito do que lhes foi ensinado é falso. E isso as liberta". Ele citou casos de jovens em situações vulneráveis que se abriam com terapeutas após verem citações de 'Rick and Morty' sobre a falta de sentido da vida: "É um abraço com niilismo por trás —e isso o torna mais valioso".

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