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Apple usa IA para tradução simultânea, mas Siri 'boa de papo' só em 2026

Tim Cook, CEO da Apple, durante apresentação da WWDC 2025, a conferência de desenvolvedores da companhia - Laure Andrillon/Reuters
Tim Cook, CEO da Apple, durante apresentação da WWDC 2025, a conferência de desenvolvedores da companhia Imagem: Laure Andrillon/Reuters
do UOL

De Tilt, em São Paulo

09/06/2025 17h09

A Apple é pioneira em assistentes virtuais, com a Siri, e tem melhorado aos poucos na parte de inteligência artificial. Mas, se você algum dia pensa em bater um papo fluido com a assistente do iPhone, ainda vai levar um tempo.

O que aconteceu

Apple diz na WWDC 2025 que melhorias chegam em 2026. Em evento para desenvolvedores, a empresa falou sobre IA e citou recursos do Apple Intelligence, como o genmoji (parar criar emojis), imagem playground (para criar imagens a partir de descrição em texto), apagar intrusos de foto, resumir notificações e melhorias na Siri. Porém, o VP de software da Apple, Craig Federighi, disse que mais avanços devem ser lançados no ano que vem.

Apple havia prometido outros recursos no ano ado. Mas, em março, reconheceu que iria atrasar. Dentre eles, uma Siri mais "conversacional" — além de funcionalidades como reconhecer contexto do que está na tela a partir de comandos de voz e interação com outros apps. Seria possível, por exemplo, perguntar: "Qual o nome daquela pessoa que encontrei em tal restaurante?" ou "Adicione esta pessoa [que aparece na tela] à minha lista de contatos".

Empresa promete agilizar a vida de outras formas. Na apresentação de hoje, a Apple anunciou um recurso de tradução simultânea e a possibilidade de ajustar textos conforme o tom que se quer. A Visual Intelligence é outra funcionalidade aprimorada, que usa IA para interagir com imagens. Com ela, será possível capturar a tela de um evento anunciado nas redes sociais, tocar no botão Apple Intelligence e incluir no calendário.

Apple contará com IA para traduzir mensagens, chamadas de vídeo (no Facetime) e de voz - Divulgação/Apple - Divulgação/Apple
Apple contará com IA para traduzir mensagens, chamadas de vídeo (no Facetime) e de voz
Imagem: Divulgação/Apple

Por que Apple tem "problemas" com voz?

Apple foi pioneira ao lançar a Siri em 2010, mas assistente fica devendo. Por mais que execute comandos, ela nunca foi muito boa em entender pedidos em linguagem natural.

Siri foi desenvolvida para responder de forma pré-programada e local, enquanto concorrentes usam sistemas centralizados e conectados à internet de treino. A Apple sempre primou pela privacidade; dessa forma, vários sistemas funcionam no próprio telefone. Por um lado isso é bom, pois evita vazamentos. Por outro, a empresa ficou para trás em relação a concorrentes que usam sistemas centralizados com grande quantidade de dados para treinar suas IAs.

Expectativa era de que a Siri se tornasse mais conversacional. Afinal, os concorrentes parecem sair na frente nesse sentido. A OpenAI, por exemplo, tem um modo conversacional do ChatGPT que funciona bem. O Google também tem um bom assistente por voz no Gemini. A Amazon, por sua vez, está empenhada em melhorar a Alexa, com uma versão paga.

A interface de voz da Apple permanece atrás dos concorrentes, tanto em inteligência quanto em utilidade. No entanto, a Apple foi humilde para explicar que não pretende comprometer a experiência, apenas pela velocidade. Apresentar uma experiência de IA na Siri, que não encante as pessoas, prejudicaria não apenas a Apple, mas a indústria
Francisco Jerônimo, vice-presidente de data e analytics, da consultoria de mercado IDC

Para Jerônimo, esse é um modus operandi clássico da Apple. Como as experiências de IA ainda não são populares, isso abre uma janela de oportunidade para a empresa se diferenciar e ter um produto mais acabado, sem deixar de lado pilares como privacidade e integração entre sistemas.

Ex-executivos da empresa falam em "fragmentação da liderança". Por essa razão, a Apple nunca teria tido uma estratégia unificada de IA. Uma reportagem do Financial Times mostra que a empresa tentou criar seus próprios modelos de inteligência artificial, mas, na hora de integrar à Siri, houve vários erros. Internamente, a companhia dizia que a integração não atingiu "os altos níveis" de exigência da companhia.

Resta saber como a Siri se tornará mais útil e natural para 2026. A empresa estreitou laços com a OpenAI, a criadora do ChatGPT, e este pode ser um caminho. Mas, ao mesmo tempo, a OpenAI anunciou investimentos na área de hardware, contratando o ex-designer da companhia, área que a Apple domina nos EUA.

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