Dólar cai ante o real na contramão do exterior após IPCA-15 favorável
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a terça-feira em baixa ante o real, na contramão do avanço da moeda norte-americana no exterior, em uma sessão em geral positiva para os ativos brasileiros após dados sugerirem desaceleração da inflação no Brasil.
A moeda norte-americana à vista fechou em baixa de 0,52%, aos R$5,6464. No mês, a divisa acumula queda de 0,53%.
Às 17h05 na B3 o dólar para junho -- atualmente o mais líquido -- cedia 0,30%, aos R$5,6520.
O principal condutor para os negócios no Brasil nesta terça-feira foi o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), divulgado no início do dia pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Considerado uma prévia para a inflação oficial, o IPCA-15 teve alta de 0,36% em maio e 5,40% nos 12 meses até maio -- abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters com economistas, de altas de 0,44% para o mês e de 5,49% em 12 meses.
Mais do que o resultado cheio em si, a abertura do IPCA-15 mostrou um cenário mais benigno para a inflação, com desaceleração dos núcleos.
Em reação, os ativos brasileiros ganharam força: o Ibovespa subiu mais de 1%, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) cederam e o dólar recuou durante toda a sessão -- ainda que, no exterior, o viés para a moeda norte-americana fosse de alta.
“O IPCA trouxe otimismo, e ainda temos uma bolsa descontada, uma taxa de juros alta. Tudo isso atrai o capital estrangeiro”, comentou durante a tarde Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, ao justificar o recuo do dólar ante o real.
Pela manhã, o dólar chegou a marcar uma máxima de R$5,6731 (-0,05%) às 10h49 -- pouco depois de o Banco Central vender apenas metade da oferta de dólares em leilão de linha (venda de moeda com compromisso de recompra) realizado às 10h30. Na operação, o BC vendeu US$500 milhões do total de US$1 bilhão oferecido para rolagem do vencimento de 2 de julho.
Depois disso, porém, o dólar aprofundou a queda até atingir a mínima de R$5,6408 (-0,61%) às 15h54.
“Saíram dados bons do IPCA-15, que acabaram fortalecendo a bolsa e o real. Eles de certo modo chancelaram o movimento de correção no câmbio à história do IOF”, pontuou Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
Segundo ele, parte do recuo do dólar nesta terça-feira ainda estava ligado a ajustes após o governo Lula voltar atrás na cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em algumas operações cambiais.
“Mas no cenário atual, o dólar fica andando de lado, entre R$5,60 e R$5,70 há algum tempo, até que tenhamos novidades firmes”, acrescentou Avallone, lembrando que a política tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, e a questão fiscal brasileira seguem como fatores de atenção.
No exterior, o dia foi de elevação do dólar ante a maior parte das demais divisas. Às 17h24 o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,65%, a 99,602.