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Como piloto pousou avião sem combustível em pista de corrida, em 1983

Voo Air Canada 143 em pista de corrida - FAA/Wikimedia Commons
Voo Air Canada 143 em pista de corrida Imagem: FAA/Wikimedia Commons
do UOL

Do UOL, em São Paulo

28/05/2025 05h30

Em julho de 1983, o voo 143 da Air Canada ficou conhecido como o "Planador de Gimli" após uma impressionante manobra de emergência.

O Boeing 767, com 69 pessoas a bordo, perdeu totalmente o combustível a 41 mil pés de altitude e teve que planar por cerca de 17 minutos. O pouso aconteceu em um local inesperado: uma antiga base aérea transformada em pista de corrida, no Gimli Motorsports Park, em Manitoba, no Canadá.

O que aconteceu

Sistema de medição de combustível falhou. O sensor indicador de qualidade do combustível estava inoperante, e os pilotos calcularam manualmente a quantidade de combustível necessária.

Conversão de unidades foi feita de forma errada. O comandante usou uma densidade expressa em libras, mas inseriu os dados como se fossem quilos no computador de bordo.

A aeronave decolou com menos da metade do combustível necessário. De acordo com o site Simple Flying, especializado em notícias de aviação, a tripulação acreditava estar com o tanque cheio o suficiente para ir de Montreal a Edmonton, mas havia combustível suficiente apenas para parte do percurso.

Tudo parecia normal até a altura de 41 mil pés, quando os alertas começaram a soar na cabine. Primeiro, no lado esquerdo. Depois, no lado direito. E, por fim, o silêncio absoluto: todos os motores haviam parado.

Cabine às escuras e ageiros em choque

Luzes apagadas e o som do silêncio. Com os motores desligados, o avião ficou completamente sem energia. Apenas a turbina de ar (RAT) manteve o mínimo controle dos sistemas hidráulicos.

O comandante era piloto de planador. Robert Pearson usou sua experiência para manter o avião na velocidade ideal de planeio, mesmo com todos os instrumentos praticamente inoperantes.

A tripulação manteve a calma e preparou os ageiros para o pouso. Comissários se posicionaram estrategicamente e instruíram os ageiros sobre a postura adequada. Alguns escreveram bilhetes para seus entes queridos. Segundo matéria publicada no The Guardian, a tripulação seguiu o protocolo mesmo diante do desconhecido.

O primeiro oficial Maurice Quintal sugeriu desviar para Gimli, um local onde já havia servido quando a área ainda era uma base aérea. A pista era, na verdade, um parque de corridas. A base aérea de Gimli havia sido desativada e transformada em pista para o Winnipeg Sports Car Club. No momento, havia pessoas acampadas e carros circulando.

Sem combustível, o avião chegou em silêncio. Ninguém ouviu o Boeing se aproximar. De repente, a aeronave surgiu no horizonte e desceu diretamente sobre a pista de corrida.

O trem de pouso dianteiro falhou. O nariz do avião tocou o chão, arrastando-se e soltando faíscas. Dois pneus estouraram. O comandante aplicou um movimento lateral para reduzir a velocidade e evitar sair da pista, de acordo com o Simple Flying.

A manobra funcionou. O avião parou a poucos metros de um guard rail central na pista.

Todos a bordo sobreviveram. Houve apenas dez feridos leves. A evacuação foi feita com escorregadores de emergência, apesar do nariz do avião estar encostado no chão.

A aeronave voltou a voar. O Boeing 767 foi consertado e permaneceu em operação até 2005.

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