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Posse da ministra das Mulheres vira ato de apoio a Marina Silva

28/05/2025 17h47

Ao transmitir o cargo, a ex-ministra das Mulheres Cida Gonçalves também se solidarizou à colega. "Somos muito poucas na política, além de vítimas constantes de ataques misóginos, como aconteceu ontem com a ministra Marina Silva. Aqui, quero deixar minha solidariedade", disse a antecessora.

 Ao lado da nova ministra, Cida Gonçalves prestou solidariedade a Marina Silva - Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Imperdoável

Na cerimônia, a ministra de Relações Institucionais da Presidência da República, Gleisi Hoffmann, classificou como "imperdoável" o ataque feito a Marina como ministra, como mulher e como cidadã. 

"A divergência, a disputa pelas ideias fazem parte da democracia. Ninguém quer impor nenhuma posição. Agora, o desrespeito e a forma como as pessoas são tratadas e, especialmente, como a ministra Marina foi tratada, merece todo o nosso repúdio. Marina tem uma história que tem que ser respeitada", reforçou Gleisi.

Gleisi Hoffman classificou como imperdoável o tratamento dado a Marina Sivla Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Manifestações

Na plateia da cerimônia de posse da ministra das Mulheres, parlamentares e outras autoridades, além de representantes de movimentos de mulheres, se solidarizaram à ministra Marina Silva.

A deputada federal Jack Rocha (PT-ES), que assumiu a coordenadoria-Geral dos Direitos da Mulher da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados na última semana, classificou os fatos como um episódio horroroso do parlamento brasileiro. 

Durante a cerimônia, várias mulheres se manifestaram em defesa de Marina Silva- Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

"Nós, mulheres, que somos mais de 50% da população [brasileira], fomos todas desrespeitadas e não podemos aceitar que aquilo que aconteceu no Senado e que, recorrente, também acontece na Câmara, seja transformado em algo cotidiano e naturalizado".

A secretaria da Mulher da Câmara também publicou, nesta quarta-feira, uma nota de repúdio na qual diz que o tratamento dado a Marina foi um "ataque brutal à democracia".

Uma das parlamentares que assina o documento é a deputada federal Erika Kokay (PT-DF), que definiu a posse no Ministério das Mulheres como um ato de desagravo para apoiar a ministra Marina Silva.

"Não podemos permitir que nós tenhamos essas expressões misóginas, que buscam colocar a mulher em locais que foram determinados pelo patriarcado e pela lógica sexista e machista.

A deputada federal Talíria Petrone (Psol-RJ) também se colocou contrária à violência política de gênero. A parlamentar explicou que se já é difícil para as mulheres entrarem na política, é mais difícil ainda permanecer nestes espaços. "Existe, ainda, uma ocupação dos espaços de poder muito masculina e uma violência para que a gente [não] fique nesse espaço.". 

Na opinião da deputada Célia Xakriabá (Psol-MG), as agressões à ministra do Meio Ambiente, no mesmo ano de realização, no Brasil, da COP30 [Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima], vai mais longe. "Para além de parte de governo, ela é reconhecida como a mulher que defende o território. Ontem, não atacaram somente a ministra Marina Silva. Atacaram a floresta, a terra, as mulheres indígenas e todo o processo [de defesa ambiental] que nós temos discutido há mais de 40 anos."

Como membro da direção do Movimento de Mulheres Camponesas, Julciane Inês Anzilago se uniu às outras vozes presentes e rechaçou as falas agressivas dos senadores homens em relação à ministra Marina Silva. Julciane ainda cobrou postura masculina na luta contra a misoginia e contra o machismo.

"Os homens também são parte dessa sociedade e assumir a postura contra qualquer tipo de violência em relação às mulheres e, nesse momento, em relação à questão da ministra, é fundamental para que todos e todas repudiemos e acabemos com a violência contra as mulheres, onde elas estejam", concluiu a ativista.

*Colaborou Sayonara Moreno, da Rádio Nacional.

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