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Novo presidente sul-coreano faz alerta sobre protecionismo ao assumir o cargo

03/06/2025 09h27

O novo presidente da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, fez um alerta nesta quarta-feira (4) contra o protecionismo comercial, que ameaça a "sobrevivência" de seu país, ao assumir o poder poucas horas após ser declarado vencedor na eleição antecipada de terça-feira (3).

Lee afirmou no discurso que buscará um "diálogo" com a Coreia do Norte para melhorar as relações com o país vizinho, que possui armas nucleares.

O candidato de centro-esquerda assumiu imediatamente o comando de um país que enfrenta um cenário de caos político pela efêmera declaração de lei marcial em dezembro de 2024.

O novo presidente venceu com folga o candidato conservador Kim Moon-soo, do partido do líder deposto Yoon Suk Yeol, que aceitou a derrota.

Em uma eleição presidencial normal na Coreia do Sul, o vencedor tem um período de transição de meses, mas por ter se tratado de uma votação antecipada, o início do governo Lee foi imediato.

"As rápidas mudanças na ordem mundial, como o crescente protecionismo e a reestruturação da cadeia de suprimentos, representam uma ameaça à nossa sobrevivência", declarou Lee, 61 anos, ao assumir o cargo, em referência ao caos provocado pelas tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Lee tomou posse poucas horas antes de Washington impor tarifas de 50% às importações de aço e alumínio, duas exportações cruciais de Seul.

- Diálogo com a Coreia do Norte - 

Em seu discurso, Lee também prometeu "continuar o diálogo, a comunicação e a cooperação" com a Coreia do Norte, "para buscar um caminho rumo à coexistência pacífica e à prosperidade compartilhada".

"Não importa quão caro seja, a paz é melhor que a guerra", declarou Lee ao prometer que vai "dissuadir as provocações nucleares e militares norte-coreanas, ao mesmo tempo que se abrem os canais de comunicação".

As relações entre as duas Coreias, que permanecem tecnicamente em guerra, deterioraram-se nos últimos anos, em meio ao armamentismo crescente de Pyongyang.

Lee começou o primeiro dia no cargo com o tradicional informe do alto comando militar, que confirmou formalmente a transferência do controle operacional do país.

O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, disse que deseja "energizar" a cooperação do seu país com a Coreia do Sul, bem como entre os dois países asiáticos e os Estados Unidos.

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, parabenizou Lee e disse que os dois países "compartilham um compromisso sólido" com a sua aliança, baseada no Tratado de Defesa Mútua, em "valores compartilhados e em laços econômicos profundos".

Os sul-coreanos compareceram em massa às urnas para eleger o novo chefe de Estado e pôr fim a seis meses de caos político.

Lee enfrentará vários problemas, entre eles a desordem causada pelas tarifas americanas, que atingiram a economia exportadora da Coreia do Sul. Também terá que lidar com uma das menores taxas de natalidade do mundo.

- 'Referendo sobre Yoon' -

Desde a tentativa de aplicação da lei marcial, o país teve vários presidentes interinos. Yoon foi afastado do cargo, acusado de insurreição, detido após semanas de resistência e destituído pelo Tribunal Constitucional.

O país, de 52 milhões de habitantes, que ou para o regime democrático em 1987, é cenário de uma polarização após a crise política provocada pela lei marcial.

"As pesquisas indicam que a eleição é considerada um referendo sobre o governo anterior", comentou à AFP Kang Joo Hyun, professora de Ciência Política da Universidade de Sookmyung.

Na noite da lei marcial, o ex-advogado Lee Jae Myung transmitiu ao vivo sua corrida frenética em direção ao Parlamento e conseguiu se unir a outros quase 200 deputados para votar uma moção que frustrou a iniciativa de Yoon.

No ano ado, ele foi alvo de uma tentativa de assassinato que o deixou à beira da morte, motivo pelo qual fez campanha vestindo um colete à prova de balas e pronunciou seus discursos protegido por vidros à prova de balas.

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© Agence -Presse

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