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Líder da extrema direita provoca queda da coalizão de governo nos Países Baixos

03/06/2025 06h37

O líder de extrema direita Geert Wilders provocou o colapso da frágil coalizão de governo nos Países Baixos ao retirar, nesta terça-feira (3), seu partido, o PVV, do Executivo devido a uma divergência sobre migração, uma crise política que abre o caminho para eleições antecipadas.

A saída do PVV do governo inicia um período de incerteza nos Países Baixos, quinta maior economia da UE, que devem sediar uma cúpula da Otan no final de junho.

"Não há para nossos planos sobre asilo... O PVV deixa a coalizão de governo", anunciou Wilders na rede social X, em referência a seu programa para endurecer a política contra os imigrantes e demandantes de asilo.

Para Wilders, o governo estava demorando muito para aplicar "a política de migração mais rigorosa" da história dos Países Baixos, defendida pela coalizão após a vitória inesperada de seu partido nas eleições de novembro de 2023. 

O anúncio foi feito em um contexto no qual os partidos de extrema direita avançam em toda a Europa.

As negociações de último minuto nesta terça-feira entre os dirigentes dos quatro partidos da coalizão não deram nenhum resultado.

O primeiro-ministro, Dick Schoof, classificou a decisão como "desnecessária e irresponsável" e disse que apresentará a questão ao rei Guilherme Alexandre. 

"Permanecerei no cargo interinamente... até que um novo governo seja formado, porque a vida nos Países Baixos e no exterior continua", disse a jornalistas. 

- "Nossa paciência está acabando" -

Após a vitória eleitoral surpreendente há um ano e meio, as pesquisas indicam que o PVV continua liderando as intenções de voto. Porém, a vantagem para os rivais mais próximos está em queda: a aliança entre ecologistas e social-democratas está próxima e o partido liberal VVD, muito influente na política holandesa, também está bem posicionado.

No final de maio, Wilders, conhecido como "Trump holandês" por suas posições anti-imigração e seu cabelo loiro platinado, já havia ameaçado sair da coalizão caso suas exigências estritas sobre migrantes e demandantes de asilo não fossem atendidas.

O líder da extrema direita declarou na ocasião: "Nossa paciência está acabando". 

O plano incluía o fechamento das fronteiras para demandantes de asilo, o reforço dos controles fronteiriços e a deportação das pessoas com dupla cidadania que foram condenadas por um crime. 

Resumindo suas exigências, Wilders declarou: "Fechem as fronteiras para os solicitantes de asilo e para os reagrupamentos familiares. Não vamos abrir mais centros de asilo. Vamos fechá-los".

Analistas políticos e jurídicos classificaram os planos como ilegais ou impossíveis de aplicar. 

As ambições de Wilders de governar o país foram bloqueadas após sua vitória eleitoral, já que seus parceiros de coalizão impediram sua candidatura ao cargo de primeiro-ministro e escolheram Dick Schoof, ex-diretor do serviço de inteligência.

Os partidos de extrema direita estão em ascensão em toda Europa. Em maio, o Chega ficou em segundo lugar nas eleições em Portugal. Na Alemanha, a AfD dobrou seu resultado nas eleições gerais de fevereiro, alcançando 20,8% dos votos.

Na Polônia, o candidato de extrema direita Karol Nawrocki, irador do presidente americano Donald Trump, foi eleito presidente no domingo com 50,89% dos votos.

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© Agence -Presse

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