Tarcísio está entre amigo e ex-ministro de Bolsonaro para vaga no TCE-SP

O governador Tarcísio de Freitas avalia indicar um ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) ou um secretário considerado seu braço direito para uma vaga de conselheiro no TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo), órgão que fiscaliza o governo estadual.
O que aconteceu
Entre aliados de Tarcísio, indicação de Wagner Rosário é vista como a mais provável. Atual controlador-geral do estado, Rosário foi ministro da CGU (Controladoria-Geral da União) no governo Bolsonaro e está na gestão Tarcísio desde o início do mandato. O UOL apurou que o governador já externou a pessoas próximas, em ocasiões adas, o desejo de indicá-lo.
Rosário é visto como nome técnico por já atuar em função parecida com a que teria no TCE. Além disso, ele tem boa aceitação entre os conselheiros do órgão e bom trânsito entre os deputados estaduais —cabe à Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) aprovar indicações para o tribunal.
Mas outro nome corre por fora na indicação para o TCE: o de Arthur Lima, cogitado recentemente entre aliados do governador. Secretário da Casa Civil, ele é uma espécie de gerente do governo e visto como braço direito de Tarcísio. Os dois são amigos há décadas e estudaram juntos na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) e na EsPCEX (Escola Preparatória de Cadetes do Exército).
Aliados avaliam que indicação de Lima poderia gerar desgaste ao governador. Um deputado estadual da base governista afirmou que Tarcísio poderia ar mensagem pública de tentativa de aparelhamento do TCE ao nomear um amigo como conselheiro, que não teria credenciais técnicas para o cargo, ao contrário de Rosário. Este parlamentar também avaliou que o nome de Lima não seria tão bem recebido pela Alesp quanto o do ex-ministro de Bolsonaro —há insatisfações na Casa com a atuação de Lima, visto como responsável por vetos a projetos de deputados e por dificultar a liberação de emendas.
O TCE é um órgão auxiliar do Legislativo que fiscaliza gastos dos três Poderes. Entre as atribuições do tribunal estão, por exemplo, acompanhar a execução de contratos do governo estadual, convênios com prefeituras e gastos com servidores.
Aos conselheiros do órgão também cabe julgar as contas do governador. A reprovação das contas pode acarretar sanções ao chefe do Executivo, desde multas até a inelegibilidade.
Ao UOL, Lima disse desconhecer uma possível indicação ao TCE e afirmou nunca ter sido chamado pelo governador para discutir o assunto. O governo estadual não respondeu os questionamentos da reportagem sobre o tema até a publicação da matéria.
Indicação de Tarcísio será para vaga de conselheiro que se aposentará. Atual presidente do TCE, Roque Citadini deixa o cargo em setembro, quando será aposentado compulsoriamente por atingir 75 anos. A outra vaga que abrirá em novembro com a saída do conselheiro Sidney Beraldo deve ir para o deputado estadual Carlos Cézar, líder do PL na Alesp, como mostrou o UOL.
Cargo vitalício e mais de R$ 100 mil em ganhos
Cargo de conselheiro do TCE é vitalício. Caso seja aprovado para a vaga, o indicado de Tarcísio teria direito ainda a um salário de R$ 44 mil e a nomear mais de 30 pessoas para trabalhar com ele no gabinete.
Ganhos, entretanto, podem ultraar os R$ 100 mil. Os vencimentos de conselheiros e procuradores do TCE foram triplicados por causa de licenças bônus que começaram a ser pagas em novembro do ano ado. Em abril deste ano, os ganhos médios dos dois cargos atingiram R$ 120,6 mil.