EUA: Trump amplia veto a estrangeiros e barra entrada de cidadãos de 12 países
O presidente americano, Donald Trump, assinou uma nova ordem executiva que proíbe totalmente a entrada de cidadãos de 12 países e impõe restrições a outros sete. A medida, anunciada nesta semana, amplia o polêmico "travel ban", que restringe ou impede o o ao território americano de cidadãos de alguns países, por razões de segurança nacional, saúde pública ou política externa.
Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York
Trump assinou assinou nesta quarta-feira (4) um veto de viagem que atinge principalmente cidadãos da África e do Oriente Médio. Com a decisão, ele retoma uma iniciativa de seu primeiro mandato para impedir a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos.
A medida, que entrará em vigor na próxima segunda-feira (9), proíbe a entrada nos EUA de cidadãos do Afeganistão, Mianmar, Chade, República do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia, Haiti, Irã, Líbia, Somália, Sudão e Iêmen. Já Cuba, Venezuela, Togo, Burundi, Laos e outros três países enfrentam restrições parciais, como limites para determinados tipos de visto.
Trump afirma que a decisão foi baseada em objetivos de segurança nacional, política externa e combate ao terrorismo. Em umvídeodivulgado em sua rede Truth Social, ele associou o novo veto ao ataque ocorrido no último domingo em Boulder, no Colorado.
De acordo com o presidente americano, o caso expôs os riscos representados por visitantes que permanecem nos EUA após o vencimento de seus vistos. O autor do ataque é egípcio ? embora o Egito não esteja na lista de países com restrições ? e, segundo o Departamento de Segurança Interna, ele havia excedido o prazo permitido por um visto de turismo.
O presidente americano justificou que algumas nações têm sistemas "deficientes" de triagem e verificação de antecedentes ou se recusam a receber cidadãos deportados pelos EUA.
A nova lista de restrições tem como base um relatório anual do próprio governo americano que aponta os países com maiores índices de permanência irregular de turistas, estudantes e viajantes a negócios. "Preciso agir para proteger a segurança nacional e os interesses dos Estados Unidos e do seu povo", declarou Trump.
Nova restrição a Harvard
Nesta quarta-feira (4), Trump também anunciou uma medida inédita: a suspensão da entrada de estrangeiros que pretendem estudar ou participar de programas de intercâmbio na Universidade de Harvard.
O presidente acusa a instituição de não colaborar com as autoridades federais e afirma que a universidade se tornou um "destino inadequado" para estudantes e pesquisadores internacionais. A ordem tem validade inicial de seis meses, mas pode ser prorrogada. O governo também estuda revogar vistos já concedidos a estrangeiros atualmente matriculados em Harvard.
A deputada democrata Pramila Jayapal classificou as medidas como "discriminatórias" e alertou para o impacto sobre famílias, estudantes e comunidades imigrantes nos EUA. Organizações de direitos civis acusam o governo de promover uma política com viés étnico e ideológico.
Desde que reassumiu a presidência, Trump vem endurecendo a política migratória. Além das novas proibições de entrada, ele bloqueou pedidos de asilo na fronteira com o México e determinou o monitoramento das redes sociais de todos os solicitantes de visto.