Topo
Notícias

Moscou e Kiev se acusam mutuamente de interromper troca de prisioneiros após novos ataques na Ucrânia

07/06/2025 11h17

Por duas noites consecutivas, a Ucrânia enfrenta uma grande campanha de ataques massivos da Rússia. Enquanto na noite anterior a Ucrânia sofreu bombardeiros intensos com mais de 400 drones, na noite de sexta-feira para sábado (7), o país enfrentou novos lançamentos de bombas por mais de 200 drones, que deixaram pelo menos três mortos e cerca de 22 ficaram feridos. A nova série de ataques atinge várias cidades ucranianas, em Kherson, no sul, e especialmente em Kharkiv, no leste. 

Com informações da AFP e do correspondente da RFI na Ucrânia, Pierre Alonso

Uma espessa nuvem de fumaça negra cobriu Kharkiv nesta manhã, com os moradores descrevendo a noite de sexta-feira para sábado como terrível. A Rússia fez chover um dilúvio de fogo na segunda maior cidade da Ucrânia, com mais de 50 explosões durante o ataque, "o mais poderoso desde o início da guerra", de acordo com o prefeito Igor Terekhov. 

De acordo com a Força Aérea Ucraniana, um total de 206 drones Shahed e nove mísseis foram disparados pela Rússia durante a noite, além de quatro bombas planadoras. A Rússia intensificou seus ataques contra a Ucrânia nas últimas semanas, e as negociações diretas na Turquia não conseguiram produzir uma trégua. "A Rússia continua seu terror contra civis", declarou o ministro das Relações Exteriores, Andriï Sybiga, pedindo "maior pressão sobre Moscou" para "pôr fim aos massacres e à destruição perpetrados pela Rússia". 

Um dos drones explodiu em um prédio de apartamentos, devastando os andares superiores e matando duas mulheres, de 59 e 86 anos. Em outra parte da cidade, as equipes de resgate encontraram o corpo sem vida de um homem de 32 anos. As buscas ainda estavam em andamento e o número de mortos pode aumentar.

No entanto, o exército russo alegou que tinha como alvo "empresas do complexo militar-industrial ucraniano, oficinas de montagem de drones, manutenção técnica e centros de reparo de armas e equipamentos militares, bem como depósitos de munição". 

Localizada a cerca de 30 quilômetros da fronteira, Kharkiv é regularmente alvo de ataques aéreos mortais, e já o era antes da operação ucraniana contra a força aérea russa no último domingo. O Kremlin prometeu retaliar. 

Troca de prisioneiros indefinida

Mais tarde neste sábado, a Rússia e a Ucrânia se acusaram mutuamente de interromper a troca de prisioneiros que deveria ocorrer neste fim de semana, após os ataques russos em grande escala que atingiram Kharkiv, a segunda cidade da Ucrânia.

De acordo com o negociador-chefe da Rússia, Vladimir Medinski, "o lado ucraniano adiou inesperadamente a recepção dos corpos" dos soldados mortos "e a troca de prisioneiros de guerra para uma data não especificada".

Do lado ucraniano, a sede de coordenação para o tratamento de prisioneiros de guerra negou essas declarações, acusando Moscou de "jogos injustos" e "manipulação".

Essa troca, programada para este fim de semana, de acordo com Moscou e Kiev, foi o único resultado concreto das negociações diretas russo-ucranianas na Turquia na segunda-feira.

Os dois lados concordaram em libertar todos os prisioneiros de guerra gravemente feridos ou doentes, bem como aqueles com menos de 25 anos de idade, o que teria feito dessa a maior troca da guerra, depois de uma anterior que envolveu mil pessoas de cada lado em maio.

No final das negociações em Istambul, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky garantiu que a troca ocorreria neste fim de semana, e a Rússia disse que estava pronta para sábado, domingo ou segunda-feira.

No sábado, Moscou declarou que havia enviado à Ucrânia uma lista que, em sua opinião, não "correspondia" aos termos do acordo.

Com relação aos restos mortais, o negociador russo Vladimir Medinski pediu a Kiev que "recuperasse os corpos de 6  mil soldados ucranianos", "dos quais 1.212 já estão no local da troca". A Ucrânia respondeu que "ainda não há data definida".

Notícias