Bolsonaro diz a jornalistas que está 'bem tranquilo' em julgamento no STF

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse estar "bem tranquilo" durante intervalo da sessão na qual seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid presta depoimento no STF (Supremo Tribunal Federal).
O que aconteceu
"Não vou confrontar o Cid aqui", afirmou ex-presidente. Durante seu interrogatório, o ex-ajudante de ordens negou envolvimento com a conspiração, mas confirmou detalhes da tentativa de golpe. Bolsonaro também negou desconforto em acompanhar o depoimento de Cid.
Ex-presidente comentou atentado a candidato a presidente na Colômbia. "Levou dois tiros na cabeça. Reparou que só os da direita levam tiro, facada?", disse Bolsonaro sobre a situação envolvendo Miguel Uribe, que se encontra em estado crítico. Bolsonaro foi vítima de um atentado a faca em setembro de 2018.
"Ela decide o futuro dela", afirmou Bolsonaro sobre Michelle. O ex-presidente disse que não definirá se a ex-primeira-dama irá concorrer ao Senado ou a Presidência em 2026, e que o "surpreendeu o resultado" obtido por ela nas pesquisas de intenção de voto.
O que está em jogo
Interrogatórios fazem parte de ação contra cúpula do governo Bolsonaro por tentativa de golpe. Segundo denúncia apresentada em fevereiro pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e aceita em março pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o ex-presidente e outras 33 pessoas participaram de uma conspiração iniciada em 2021 e encerrada em 8 de janeiro de 2023 que visava manter o grupo no poder.
Oito réus serão interrogados. Eles integram o chamado "núcleo crucial" da denúncia e responderão perguntas feitas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, o procurador-geral da República Paulo Gonet e os advogados dos réus. Todos ocupavam cargos de destaque no governo Bolsonaro à época dos fatos investigados:
1. Mauro Cid (ex-ajudante de ordens da Presidência e delator)
2. Alexandre Ramagem (ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência)
3. Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)
4. Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
5. Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional)
6. Jair Bolsonaro (ex-presidente da República)
7. Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
8. Walter Braga Netto (general da reserva e ex-ministro da Casa Civil)
Com interrogatórios, ação entra na reta final. Após essa etapa, o STF poderá requerer novas provas a acusação e defesa antes de solicitar as alegações finais às defesas dos réus. Depois disso, o ministro Moraes (que é o relator do caso) deve preparar seu voto, a ser apresentado na data em que o ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF (onde corre o processo), marcar o julgamento.