Iranianos pedem vingança enquanto israelenses mantêm calma após ataques

Após os ataques de Israel contra o Irã na noite de ontem, os habitantes de Teerã querem vingança, enquanto as ruas de Tel Aviv permaneceram calmas na manhã de hoje, apesar do alerta sobre possíveis retaliações iranianas.
O que aconteceu
As ruas de Teerã, a capital iraniana, amanheceram quase vazias. A maioria das lojas está fechada hoje, devido a um feriado de três dias.
No centro da capital, alguns iranianos saíram às ruas para protestar contra os ataques. "Morte a Israel! Morte aos Estados Unidos!", gritaram, agitando bandeiras iranianas. Alguns também levaram retratos do líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei. Segundo a televisão estatal, manifestações similares acontecem em outras cidades do país.
O iraniano Abbas Ahmadi, de 52 anos, teme "acabar como Gaza". "Não podemos deixar aquele desgraçado continuar", referindo-se ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. "O Irã deve destruí-lo, deve agir", conclui.
Ahmad Moadi, um aposentado de 62 anos, exige uma "resposta contundente" do Irã. "Quanto tempo mais viveremos com medo?", pergunta o iraniano.
Ruas calmas em Israel
Já em Israel, a população não se mostra tão preocupada com possíveis retaliações. "Já amos por esse cenário duas vezes", disse Uri, de 31 anos. "Sinceramente, não me importo. Vou apenas para um abrigo e ficarei bem", disse ele, quando perguntado se tinha alguma preocupação com sua própria segurança.
Apesar da calma, os militares israelenses fecharam escolas em todo o país e proibiram reuniões públicas. A Parada do Orgulho LGBTQ+ de Tel Aviv, que normalmente atrai dezenas de milhares de pessoas à cidade, foi cancelada.
Pela manhã, Israel anunciou que estava trabalhando para interceptar 100 drones iranianos. "O Irã lançou aproximadamente 100 drones contra o território israelense, que tentamos interceptar", disse o porta-voz militar Effie Defrin.
Israel diz que a situação está "sob controle". "Temporariamente, a ameaça dos drones está sob controle, o que nos permite alertar os civis israelenses com antecedência suficiente para que se abriguem", afirmou um militar à agência de notícias EFE.
Israel atacou o Irã na noite de ontem
Israel lançou ataques contra o Irã na noite de ontem, em uma operação para impedir Teerã de construir uma arma nuclear. Os alvos eram instalações nucleares, fábricas de mísseis balísticos e comandantes militares.
Ataque de Israel matou os chefes das Forças Armadas e da Guarda Revolucionária do Irã. As mortes dos generais Mohammad Bagheri e Hossein Salami foram confirmadas pela TV estatal do Irã. A Guarda Revolucionária iraniana, que era liderada por Salami, é o grupo mais poderoso no Exército do país e foi criada depois da Revolução Islâmica de 1979. O Irã também confirmou as mortes dos cientistas nucleares Mohammad Mehdi Tehranchi e Fereydoon Abbasi.
O líder supremo do Irá, aiatolá Ali Khamenei, havia prometido vingança horas antes. "O regime sionista revelou sua natureza vil e lançou nesta manhã sua mão perversa e sangrenta em um crime contra o Irã. Com este ataque, o regime sionista preparou um destino amargo e doloroso para si mesmo, que certamente receberá", disse Khamenei.
Israel disse na madrugada de hoje (horário local) que completou o "ataque inicial" contra o Irã, sem detalhar se fará novas fases. As FDI (Forças de Defesa de Israel) afirmaram que a operação, nomeada de "Leão em Ascensão", foi contra "dezena de alvos militares" e instalações nucleares relacionados ao programa nuclear do Irã.
"As FDI estão prontas para continuar a agir conforme necessário", disseram. Eles alegam que o Irã teria urânio enriquecido para fazer 15 bombas nucleares em poucos dias e precisaram atuar contra a "ameaça iminente". "Armas de destruição em massa nas mãos do regime iraniano representam uma ameaça existencial a Israel e uma ameaça significativa ao mundo em geral. Israel não permitirá."
Irã afirmou que o ataque israelense foi uma "declaração de guerra". Em uma carta dirigida às Nações Unidas, o ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, "pediu ao Conselho de Segurança que aborde o tema de maneira imediata", informou a pasta.
O governo iraniano também disse que os ataques israelenses justificam sua intenção de enriquecer urânio. "Não se deve falar com um regime tão predador, exceto com a linguagem da força", afirmou em um comunicado. "O mundo agora entende melhor a insistência do Irã em seu direito de enriquecer (urânio), à tecnologia nuclear e ao poder dos mísseis".
(Com AFP, DW e Reuters)