Israel lança novos ataques contra Irã; Trump pede que país aceite acordo sobre programa nuclear
Israel lançou nesta sexta-feira (13) um novo ataque contra a usina de enriquecimento de urânio de Natanz, no centro do Irã e causaram um incêndio no aeroporto de Tabriz, no noroeste. O local já havia sido alvo dos bombardeios das forças israelenses nesta noite, que atingiram instalações militares e nucleares em várias regiões do país.
"Há poucos minutos, o regime sionista voltou a atacar Natanz", informou a TV estatal iraniana. Nesta sexta, o presidente americano Donald Trump pediu a Teerã "que fechasse um acordo antes que não sobre mais nada" e alertou que os "próximos ataques" seriam "ainda mais brutais".
"Já houve muitas mortes e destruição, mas ainda há tempo para fazer com que esse massacre, incluindo os próximos ataques planejados, ainda mais brutais, pare", escreveu ele em sua rede Truth Social.
Em uma longa mensagem, Donald Trump afirma ter dado ao Irã "uma oportunidade atrás da outra para se fechar um acordo".
"Eu disse de maneira enfática: 'Façam isso'. Mas mesmo tendo tentado ou chegado perto de conseguir, no fim simplesmente não conseguiram", afirmou.
"Eu avisei que seria muito pior do que tudo o que eles já tinham visto, que os Estados Unidos fabricam os melhores e mais destrutivos equipamentos militares do mundo, que Israel tem muitos desses equipamentos, e sabe como usá-los", declarou.
Segundo o presidente americano, "alguns iranianos 'linha-dura' não sabiam o que estava por vir. Todos eles estão mortos agora, e isso tende a piorar!"
Mais cedo, Donald Trump disse ao canal Fox News que soube com antecedência que Israel realizaria ataques no Irã.
Israel tem direito de se proteger, afirma Macron
"A França reafirma o direito de Israel de se proteger e garantir sua segurança", declarou nesta sexta-feira Emmanuel Macron, lembrando ter "condenado várias vezes" o programa nuclear iraniano.
"Para não colocar em risco a estabilidade de toda a região, faço um apelo às partes para que demonstrem a máxima moderação e se esforcem para a desescalada", acrescentou na rede X.
Macron disse ter conversado nesta sexta-feira com o presidente americano Donald Trump e vários outros líderes.
"Todas as medidas serão tomadas para proteger nossos cidadãos e nossas instalações diplomáticas e militares na região", garantiu Macron após um conselho de defesa e segurança nacional.
O Irã classificou nesta sexta-feira o ataque israelense como uma "declaração de guerra", após ataques que mataram os dois mais altos responsáveis militares da República Islâmica.
Iranianos pedem vingança
"Morte a Israel, morte à América!", gritaram os iranianos que se reuniram para protestar no centro da capital. Ahmad Moadi, um aposentado de 62 anos, pediu uma "resposta contundente" contra Israel, país que o Irã não reconhece.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, alertou que a operação militar durará "vários dias", e o Exército israelense informou que seus caças continuam a bombardear o território iraniano.
Na madrugada de sexta-feira, o general Hossein Salami, comandante da Guarda Revolucionária, foi morto em um ataque ao quartel-general da Guarda em Teerã.
O chefe do Estado-Maior iraniano, general Mohammad Bagheri, e seis cientistas do programa nuclear iraniano também morreram nos ataques, que ainda feriram um alto conselheiro do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, segundo a mídia local.
Pelo menos 95 pessoas ficaram feridas em todo o país, segundo a televisão estatal.Um dos bombardeios atingiu um prédio no bairro nobre de Nobonyad, no norte de Teerã. O Exército israelense informou que cerca de 200 aviões atingiram uma centena de alvos em todo o país.
O complexo de Natanz foi atingido "várias vezes" desde o início do ataque, segundo a televisão estatal, que mostrou uma densa fumaça negra saindo do local.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) condenou a ofensiva e afirmou que "instalações nucleares nunca devem ser atacadas". Nenhum aumento nos níveis de radiação foi observado no local, de acordo com a agência.
O Exército israelense afirmou ter provas de que Teerã estava perto de obter a bomba atômica. Segundo eles, "o regime iraniano tinha um plano concreto para destruir o Estado de Israel".
Poucas horas após os primeiros bombardeios, o Exército israelense relatou o lançamento de "cerca de 100 drones" pelo Irã em direção ao território israelense, e um oficial militar informou que as forças armadas continuavam a interceptá-los.
A Jordânia, vizinha de Israel, também declarou ter interceptado drones e mísseis que violaram seu espaço aéreo.
Preço do petróleo dispara
O último ataque israelense anunciado publicamente contra o Irã havia ocorrido em outubro de 2024. Israel afirmou ter realizado ataques aéreos contra alvos militares em retaliação ao lançamento de cerca de 200 mísseis iranianos contra seu território ? mas essa operação não teve a mesma magnitude da atual.
Enquanto países da região como Arábia Saudita e Turquia condenaram o ataque israelense, a maioria dos líderes estrangeiros, incluindo as Nações Unidas, apelaram à moderação e à desescalada.
O Hamas, em guerra com Israel em Gaza há mais de 20 meses, os rebeldes houthis do Iêmen e o Hezbollah libanês ? todos aliados de Teerã ? condenaram veementemente os ataques.
Os preços do petróleo dispararam mais de 12%, gerando temores de fortes perturbações no fornecimento de petróleo.
Companhias aéreas do Golfo, como a Emirates, cancelaram vários voos de e para o Iraque, Jordânia, Líbano, Irã e Síria. A Air anunciou a suspensão de seus voos entre Paris e Tel Aviv.
Risco de conflito regional
Teerã havia ameaçado na quarta-feira (11) atacar bases militares americanas no Oriente Médio em caso de conflito, após um possível fracasso nas negociações nucleares com Washington. A sexta rodada de negociações estava prevista para este domingo.
Diante do risco de um conflito regional no Oriente Médio, Washington reduziu seu número de funcionários nas representações diplomáticas na região, especialmente no Iraque. Embaixadas americanas no Oriente Médio pediram a seus cidadãos que tomem precauções.
O enriquecimento de urânio é o principal ponto de divergências nas negociações para regulamentar o programa nuclear iraniano em troca do fim das sanções impostas ao país.
Washington exige que o Irã renuncie totalmente ao enriquecimento, o que Teerã recusa e considera um direito "inegociável".
Nesta quinta-feira (12), Teerã anunciou que pretende aumentar "significativamente" sua produção de urânio enriquecido com a construção de um novo centro, em resposta à adoção de uma resolução da AIEA que o condena por "não cumprimento" de suas obrigações nucleares.
O Irã é o único Estado não nuclear que enriquece urânio a 60%, segundo a agência com sede em Viena. Para fabricar uma bomba atômica, é necessário urânio enriquecido a 90%.
(Com informações da AFP)