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Astrônomos examinam estrela que se comporta de forma diferente de qualquer outra

29/05/2025 14h15

Por Will Dunham

WASHINGTON (Reuters) - Astrônomos avistaram uma estrela que age de forma diferente de qualquer outra já observada, pois emite uma curiosa combinação de ondas de rádio e raios X, o que a torna um membro exótico de uma classe de corpos celestes identificados pela primeira vez há apenas três anos.

Ela está localizada na galáxia Via Láctea, a cerca de 15.000 anos-luz da Terra, na direção da constelação de Scutum, piscando a cada 44 minutos em ondas de rádio e emissões de raios X. Um ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano, ou seja, 9,5 trilhões de quilômetros.

Segundo os pesquisadores ela pertence a uma classe de corpos chamados "transientes de rádio de longo período", conhecidos por explosões brilhantes de ondas de rádio que aparecem a cada poucos minutos ou várias horas.

Isso é muito mais longo do que os rápidos pulsos de ondas de rádio normalmente detectados em pulsares -- tipo de estrela de nêutrons de rotação rápida, núcleo denso e colapsado de uma estrela maciça após sua morte. Os pulsares parecem, quando vistos da Terra, estar ligando e desligando em escalas de tempo de milissegundos a segundos.

"O que são esses corpos e como eles geram seus sinais incomuns permanecem um mistério", disse o astrônomo Ziteng Wang, da Universidade Curtin, na Austrália, principal autor do estudo publicado nesta semana na revista Nature.

No novo estudo, pesquisadores usaram dados do Observatório de Raios X Chandra da Nasa, do telescópio Askap, na Austrália, e de outros telescópios.

Embora a emissão de ondas de rádio do corpo recém-identificado seja semelhante à de aproximadamente 10 outros exemplos conhecidos dessa classe, ele é o único que emite raios X, de acordo com a astrofísica e coautora do estudo Nanda Rea, do Instituto de Ciências Espaciais de Barcelona.

Os pesquisadores trabalham com algumas hipóteses sobre a natureza dessa estrela. Ela pode ser uma magnetar, uma estrela de nêutrons giratória com um campo magnético extremo, ou talvez uma anã branca, uma brasa estelar altamente compacta, com uma órbita próxima e rápida em torno de uma pequena estrela companheira em um chamado sistema binário.

"Entretanto, nenhuma delas poderia explicar todas as características observacionais que vimos", disse Wang.

Estrelas com até oito vezes a massa do nosso Sol parecem destinadas a acabar como uma anã branca. Elas acabam queimando todo o hidrogênio que usam como combustível. A gravidade, então, faz com que entrem em colapso e explodam suas camadas externas em um estágio de "gigante vermelha", deixando para trás um núcleo compacto com aproximadamente o diâmetro da Terra -- a anã branca.

As ondas de rádio observadas podem ter sido geradas pela interação entre a anã branca e a suposta estrela companheira, avaliam os pesquisadores.

"O brilho de rádio do objeto varia muito. Não vimos nenhuma emissão de rádio do objeto antes de novembro de 2023. E em fevereiro de 2024, vimos que ele se tornou extremamente brilhante. Menos de 30 objetos no céu já atingiram tal brilho em ondas de rádio. Notavelmente, ao mesmo tempo, também detectamos pulsos de raios X do objeto. Ainda podemos detectá-lo em rádio, mas muito mais fraco", disse Wang.

Para Wang, é emocionante ver um novo tipo de comportamento das estrelas.

"A detecção de raios X veio do telescópio espacial Chandra da Nasa. Essa parte foi um golpe de sorte. Na verdade, o telescópio estava apontando para outra coisa, mas acabou capturando a fonte durante sua fase de brilho 'louco'. Uma coincidência como essa é muito, muito rara -- como encontrar uma agulha em um palheiro", disse Wang.

(Reportagem de Will Dunham)

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