Rússia exige anexar 20% da Ucrânia para firmar cessar-fogo; veja condições

A Rússia fez uma série de imposições à Ucrânia para firmar um acordo de cessar-fogo. Entre outros termos, Moscou exigiu a anexação de 20% do território ucraniano, segundo agências de notícias estatais ligadas ao Kremlin.
Vejas as imposições feitas pela Rússia:
Putin quer anexar ao menos 20% do território ucraniano ao mapa russo. Moscou exige que Kiev reconheça a Crimeia, Lugansk, Kherson, Donetsk e Zaporizhzhia como territórios da Rússia — as duas últimas estão entre as maiores cidades da Ucrânia, na quinta e sétima posições, respectivamente.
Moscou quer a retirada completa e imediata dos militares ucranianos das regiões que deseja anexar. Atualmente, essas cinco regiões estão ocupadas por tropas russas após três anos de investidas militares do Kremlin contra a Ucrânia.
Enfraquecimento do Exército ucraniano. A Rússia determina que Kiev limite seu contingente humano e que reduza o número de armamentos.
Proibição de desenvolver e abrigar armas nucleares.
Sem ajuda ocidental. Putin exige que as nações do Ocidente parem de fornecer armas e serviços de inteligência à Kiev — vale ressaltar que um dos estopins para a atual guerra foi o desejo ucraniano de ser membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), inimigo histórico de Moscou, e que tem defendido enfaticamente a soberania da Ucrânia desde o início do conflito armado.
Novas eleições. A Rússia determina que a Ucrânia realize novas eleições em até 100 dias, em um movimento para tirar Zelensky do poder — o mandato do líder ucraniano se encerrou em maio do ano ado, mas ele permanece no cargo porque o país está sob efeito da Lei Marcial desde a deflagração da guerra, o que impede a realização de um novo pleito.
O que acontece se Ucrânia aceitar os termos?
Segundo a imprensa estatal russa, caso Kiev concorde com as imposições de Moscou, um acordo de paz entre os dois países será assinado. O acordo prevê o fim das sanções econômicas entre ambas as nações. Anteriormente, Kiev rejeitou proposta similar feita pelo Kremlin.
Troca de prisioneiros
Enquanto o acordo de cessar-fogo não sai, os dois países concordaram em trocar todos os prisioneiros de guerra gravemente feridos e aqueles menores de 25 anos. As nações também aceitaram trocar 6 mil corpos de soldados de cada lado.
Rússia e Ucrânia realizaram hoje a segunda rodada de negociações diretas, em Istambul. A Turquia foi a mediadora da reunião. O ministro turco das Relações Exteriores, Hakan Fidan, destacou que as discussões "serão determinantes" para o destino comum, "tanto a nível regional como mundial".
As posições de Ucrânia e Rússia permanecem em forte desacordo. Moscou exige, entre outras coisas, que a Ucrânia renuncie definitivamente à adesão à Otan e entregue as cinco regiões cuja anexação ela reivindica e atualmente ocupa total ou parcialmente. Essas condições são inaceitáveis para Kiev que, em troca, exige a retirada total e absoluta das tropas russas de seu território.
A Ucrânia propôs uma nova rodada de negociações antes do fim de junho. O ministro da defesa ucraniano, Rustem Umerov, reforçou que as delegações deveriam tentar chegar a um acordo para um encontro entre Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin.
Guerra continua
Em meio às tratativas para cessar-fogo, a guerra continua com ataques mútuos. Nesse fim de semana, Kiev realizou um ataque de longo alcance que destruiu 41 aviões militares russos na Sibéria, em uma investida classificada como "brilhante" por Zelensky.
Moscou mantém forte artilharia. Nos últimos dias, a Rússia lançou 472 drones contra o território ucraniano, o maior número desde o início da invasão.