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Vídeo contraria versão de PM e confirma que jovem foi morta após coronhada

do UOL

Do UOL, em São Paulo

03/06/2025 16h59

Imagens da câmera corporal do sargento Thiago Guerra, 39, mostram que uma jovem de 16 anos foi morta por um disparo ocorrido após o policial dar uma coronhada no irmão dela.

O que aconteceu

Victoria Manoelly dos Santos foi morta com um tiro no peito em 9 de janeiro. A vítima estava ao lado do irmão, Kauê Alexandre dos Santos Lima, 21, na rua Capitão Pucci, em Guaianases, na zona leste de São Paulo.

Vídeo mostra Kauê sendo abordando pela polícia e levando coronhada. Os policiais teriam parado próximo a um bar onde os irmãos estavam após perseguirem um suspeito de roubo.

Irmãos foram ao local após perceber movimentação de PMs. Em depoimento à polícia, Kauê disse que já tinha encerrado o expediente no bar onde trabalhava, próximo ao local onde a irmã foi morta. Por curiosidade, ele detalhou que foram ao local apenas para entender o que estava acontecendo.

Equipe do sargento Thiago Guerra abordou Kauê, que questionou o motivo. O jovem disse que "só estava no bar" e pediu que o sargento tirasse a mão dele. As imagens mostram o momento em que Guerra aponta a arma para Kauê e dá uma coronhada na cabeça dele. No instante seguinte, o revólver dispara e atinge Victoria.

Vídeo mostra desespero do jovem ao perceber que irmã foi baleada. A mãe deles, Vanessa Priscila dos Santos, também aparece no local e acusa os PMs de matarem a filha dela.

Victoria dos Santos morreu após ser baleada e dar entrada no Hospital Geral de Guaianazes - TV Globo/Reprodução de vídeo - TV Globo/Reprodução de vídeo
Victoria dos Santos morreu após ser baleada e dar entrada no Hospital Geral de Guaianazes
Imagem: TV Globo/Reprodução de vídeo

Após disparo, policiais colocaram Kauê algemado no porta-malas da viatura. "Mataram a minha filha", gritava a mãe enquanto olhava o corpo de filha no chão da praça. Vídeos da abordagem foram anexados pelo Tribunal de Justiça de São Paulo ao processo em 28 de maio.

Vítima foi socorrida, mas morreu no Hospital Geral de Guaianases. O resgate só chegou às 22h30, 22 minutos após Victoria ser baleada.

Gravação contraria versão narrada em boletim de ocorrência pelo sargento. Na época, Guerra afirmou que Kauê havia dado um tapa em sua mão, o que teria provocado o disparo acidental.

Kauê chegou a ser preso. Na época, foi encaminhado ao 50º DP (Itaim Paulista). Após algumas horas na delegacia, prestou depoimento como testemunha e foi liberado.

Sargento segue preso por homicídio com dolo eventual. O delegado responsável pelo caso, Victor Sáfadi Maricato, entendeu que ele assumiu o risco de matar ao dar a coronhada no jovem abordado. A PM (Polícia Militar) informou que o policial teve a arma recolhida. Guerra está detido no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte paulista. A defesa dele não foi localizada. O espaço segue aberto para manifestação.

Investigações foram concluídas. A SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo) afirmou que as investigações da Polícia Civil e da Corregedoria da PM já foram concluídas e encaminhadas à Justiça, "inclusive com as imagens registradas pela câmera corporal do agente".

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