Zelensky pede que aliados aumentem 'pressão' por um cessar-fogo da Rússia após novos ataques na Ucrânia
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu, no domingo (25), que a Rússia seja pressionada a interromper ataques no conflito na Ucrânia, após uma nova onda de bombardeios noturnos aéreos que deixou pelo menos 12 pessoas mortas em todo o país. Os ataques aconteceram poucas horas antes da troca final de prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia.
A Ucrânia sofreu outro ataque aéreo maciço na madrugada de domingo, matando pelo menos 12 pessoas. Essa foi a segunda noite de grandes ataques contra a Ucrânia, depois que cerca de 250 drones e 14 mísseis balísticos foram detectados na noite de sexta-feira (23) pela força aérea ucraniana, a maioria dos quais tinha como alvo a capital.
Os serviços de emergência ucranianos descreveram o domingo como uma "noite de terror na região de Kiev", onde os ataques russos deixaram quatro pessoas mortas e 23 feridas, de acordo com um relatório policial atualizado em uma mensagem no Telegram.
"Vimos que toda a rua estava pegando fogo", disse à AFP Tetiana Iankovska, uma aposentada de 65 anos que sobreviveu aos tiros que danificaram o vilarejo de Markhalivka, a sudoeste de Kiev. Oleksandre, 64 anos, também aposentado, também foi salvo e diz que não acredita nas negociações diplomáticas em andamento. "Não precisamos de negociações, precisamos de armas, muitas armas, para detê-los. Porque a Rússia só entende de força", diz ele.
Desta vez, a Força Aérea ucraniana afirmou que o país havia sofrido um ataque combinado de 367 projéteis na noite de sábado (24), incluindo 69 mísseis e 298 drones. E disse que abateu 45 desses mísseis, bem como 266 drones. "Ataques aéreos inimigos foram relatados em 22 locais, e a queda de destroços de mísseis e drones abatidos em 15 locais".
Zelensky pede "pressão realmente forte" dos EUA e aliados europeus
Segundo Zelensky, além de Kiev, esses "ataques deliberados a cidades comuns" atingiram 12 regiões. De acordo com os serviços de emergência, um homem foi morto por um ataque de drone na região sul de Mykolaïv, e outros quatro na região de Khmelnytskyi, uma cidade no oeste da Ucrânia. Duas crianças de 8 e 12 anos, além de um adolescente de 17 anos, morreram em um bombardeio russo na região de Jytomir (noroeste).
"Sem uma pressão realmente forte sobre a liderança russa, essa brutalidade não pode ser interrompida. As sanções certamente ajudarão", reagiu o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky no domingo, pedindo que o foco fosse dado às 'fraquezas da economia russa' que, segundo ele, 'são conhecidas' por todo o mundo.
Ele pediu aos Estados Unidos, aos países europeus e a "todos aqueles que buscam a paz" que demonstrem "determinação" para pressionar o presidente russo, Vladimir Putin, a "acabar com a guerra".
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Troca de prisioneiros Kiev-Moscou
Em Moscou, o prefeito Sergei Sobyanin informou que mais de uma dúzia de drones ucranianos sobrevoaram a capital russa, mas não houve vítimas. Quatro aeroportos da capital russa, incluindo o principal, Sheremetyevo, foram temporariamente fechados e, em seguida, reabertos no início do domingo, de acordo com a agência nacional de aviação Rossaviatsia.
Por sua vez, como no dia anterior, o exército russo declarou em um comunicado à imprensa que havia atacado empresas do "complexo militar-industrial" ucraniano durante a noite.
Desde meados de fevereiro, o governo dos EUA de Donald Trump tem feito repetidos apelos por um cessar-fogo e, para isso, entrou em contato com Moscou, mas até agora sem nenhum resultado convincente.
Após os ataques denunciados por Zelensky, a Rússia anunciou no domingo que 303 soldados russos capturados foram trocados pelo mesmo número de militares ucranianos, marcando a terceira e última fase de uma troca recorde de prisioneiros entre Kiev e Moscou.
"De acordo com os acordos russo-ucranianos alcançados em Istambul em 16 de maio, os lados russo e ucraniano realizaram uma troca entre 23 e 25 de maio no formato de mil pessoas por mil pessoas", disse o Ministério da Defesa russo em um comunicado.
A troca de prisioneiros e corpos de soldados mortos em combate continua sendo uma das últimas áreas de cooperação entre Kiev e Moscou, enquanto a Rússia ocupa cerca de 20% do território ucraniano.
O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, indicou na sexta-feira que Moscou estava trabalhando em um documento que estabelecia "as condições para um acordo duradouro" para resolver o conflito, que será enviado a Kiev assim que a troca de prisioneiros for finalizada.
Mas no front, os confrontos continuam inabaláveis e o exército russo, que é maior e mais bem equipado, continua a ganhar terreno em certos setores, apesar das pesadas perdas. No domingo, o exército russo afirmou ter tomado um pequeno vilarejo ucraniano, Romanivka, na região leste de Donetsk, o epicentro dos combates.