Rede D'Or reduz previsão para leitos novos; ação recua
(Atualiza cotação e acrescenta comentário do JPMorgan)
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Rede D'Or revisou seu plano de crescimento orgânico para o período de 2025 a 2028, quando prevê abrir um total de 3.203 leitos hospitalares, conforme o mais recente formulário de referência do grupo, número que fica abaixo dos 4.036 estimados um ano antes.
De acordo com o documento publicado no site da Rede D'Or no fim de semana, o grupo está desenvolvendo mais de 30 projetos novos (greenfield) e de expansão (brownfield), que se encontram em diferentes estágios de desenvolvimento e licenciamento.
A empresa citou que os novos leitos terão custo médio de aproximadamente R$1,4 milhão por unidade, sendo cerca de 80% destes "brownfields". No relatório de 2024, o custo médio era de R$1,5 milhão e os projetos "brownfields" representavam 70% de um plano com mais de 40 projetos.
Para este ano, a previsão é de abertura de 491 leitos, contra 898 previstos no relatório de referência de 2024. Para o próximo ano, são 868 leitos, de 1.117 leitos anteriormente. Para 2027, projeta 893 leitos, de 771 leitos estimados antes, e para 2028, prevê 951 novos leitos, de 1.250 leitos do plano de 2024.
Na visão de analistas do Citi, apesar da expectativa de algum corte no plano original, o movimento da Rede D'Or "naturalmente não é um bom presságio para a confiança em torno dos fundamentos de crescimento de longo prazo da empresa".
A Rede D'Or entregou 411 leitos em 2021, 560 leitos em 2022, 250 leitos em 2023, e 1.317 em 2024, conforme o relatório de referência mais recente. No relatório do ano ado, a previsão era concluir 1.348 leitos ao longo de 2024.
Por volta de 14h50, as ações do grupo de saúde caíam 3,1%, a R$36,28, pior desempenho do Ibovespa, que subia 0,36%.
Para analistas do Bradesco BBI, a redução no plano de expansão é amplamente negativa para a Rede D'Or, particularmente com o crescimento acima do mercado de planos de saúde pela SulAmérica e um ambiente competitivo mais favorável para os hospitais do grupo, dada sua exposição limitada a operadores em dificuldades financeiras.
"Além disso, o corte acentuado nos projetos brownfield – que normalmente são mais lucrativos e não exigem credenciamento de pagadores – também foi um sinal negativo, sugerindo perspectivas de crescimento mais fracas nos mercados existentes", acrescentaram em relatório a clientes.
Ainda assim, os analistas destacaram a previsão revisada de 3,2 mil leitos ainda implica um sólido aumento de 25% na capacidade.
Analistas do JPMorgan ressaltaram que a maior parte da revisão ocorreu dentro das inaugurações planejadas para 2025 e 2026.
E acrescentaram, citando conversas com a empresa, que isso reflete uma revisão dos planos brownfield, já que a recente rescisão de acordos não rentáveis com planos de saúde abriu capacidade em alguns ativos, enquanto o número reduzido de contratos em algumas regiões também provavelmente limitará o potencial de curto e médio prazos.
"Portanto, exigindo o faseamento/cancelamento de projetos", acrescentaram.
A equipe do JPMorgan avaliou que a revisão da expansão não traz impactos materiais às expectativas de curto prazo e tem efeito limitado à capacidade geral de leitos, enquanto reforça a disciplina de capital da empresa.
Os analistas do banco norte-americano também destacaram que o plano não incorpora novos projetos potenciais dentro da t venture com a Atlântica Hospitais - uma subsidiária da Bradesco Saúde.
No mesmo relatório, o JPMorgan revisou previsões para a Rede D'Or, estabelecendo um preço-alvo para dezembro de 2026 de R$42 por ação, de R$36 para o final de 2025. "Continuamos com 'overweight' para Rede D'Or, enxergando a empresa como uma das melhores opções para atuar no setor de saúde."