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Influenciadores de finanças batem recorde, e bets engajam mais do que ações

do UOL

Clara Assunção

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

04/06/2025 05h00

O número de influenciadores que hoje palpitam sobre investimentos, finanças pessoais e assuntos de economia em geral nunca foi tão alto, de acordo com pesquisa da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) em parceria com o Ibpad (Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados) divulgada hoje.

Entre os temas que mais chamam atenção nas redes, as chamadas bets (plataformas de apostas online) têm provocado mais engajamento do que temas convencionais como o investimento no mercado de ações — não pelas suas virtudes, mas pelas polêmicas que os jogos de azar suscitam.

Quem fala de investimentos nas redes sociais

No segundo semestre de 2024, os "finfluencers" — influenciadores de finanças — somaram 741 perfis ativos nas redes sociais. Houve um crescimento de 30% em relação ao semestre anterior e de quase 180% frente à primeira edição do estudo, publicada em 2021, quando apenas 266 perfis foram identificados. Os dados são da 8ª edição da pesquisa Anbima/Ibpad, chamada "Finfluencers — Quem fala de investimentos nas redes sociais".

Esse é o maior crescimento que já vimos. Durante algumas edições, o mercado parecia ter se estabilizado, mas essa edição mostrou que ainda há espaço -- e demanda -- para novos produtores de conteúdo sobre investimentos. E não é apenas o mercado que está aberto a receber, tem público para consumir.
Amanda Brum, diretora de marketing da Anbima

O universo de pessoas que acompanham esses influenciadores também explodiu. Segundo a pesquisa, havia 263,5 milhões de seguidores de "finfluencers" no primeiro semestre de 2024, um aumento de 256% em comparação com a primeira edição, que contabilizava 74 milhões. O estudo observa, porém, que esse número total de seguidores não equivale a pessoas, uma vez que cada usuário pode seguir um influenciador em mais de uma rede social. Foram considerados Facebook, Instagram, X (antigo Twitter) e YouTube.

O crescimento do setor dos influencers financeiros está diretamente ligado ao contexto econômico. Com a elevação da taxa básica de juros a partir de setembro do ano ado, a instabilidade nos mercados e incertezas em torno das metas fiscais e políticas, muitas pessoas aram a buscar orientação sobre como proteger ou rentabilizar seu dinheiro.

Os influenciadores de finanças se mostraram prontos para atender esse interesse. Dos 741 influenciadores ativos no segundo semestre de 2024, 718 falaram sobre produtos financeiros, o que representa um salto de quase 30% em relação à primeira metade do ano. As menções cresceram 13,6% e o engajamento acompanhou essa onda, subindo 30%.

Bets engajam mais que ações

O tema mais abordado pelos "finfluencers" foi o mercado de ações, com 78,8 mil menções. Depois, vieram as criptomoedas (59 mil), o mercado de câmbio (34,5 mil), os FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário), com 16,8 mil menções, e outros produtos de renda fixa (9,2 mil) e commodities (7,8 mil).

No entanto, as bets engajaram mais do que ações. A percepção dos influenciadores financeiros sobre apostas é predominantemente neutra e informativa. Das 489 menções mapeadas, 164 explicam as novas regras do setor, 62 fazem alertas sobre os riscos financeiros envolvidos, e 137 apresentam críticas sobre aspectos de regulamentação, risco financeiro e impostos.

As apostas não são tratadas como investimento pelos influenciadores financeiros que acompanhamos. Eles falam sobre isso com um tom neutro, explicando que é entretenimento, ou com um viés crítico, o que tende a gerar mais engajamento, porque as redes sociais vivem de polêmica. Quando deixam claro que aposta não é investimento, estão prestando um serviço de educação financeira.
Amanda Brum, diretora de marketing da Anbima

Não é comum encontrar parcerias de "finfluencers" com casas de apostas. Apesar de uma das principais estratégias de marketing das empresas de apostas que atuam no Brasil ser a contratação de influenciadores para divulgarem os jogos para suas bases de seguidores, esse tipo de propaganda não faz parte do comportamento dos influenciadores de finanças, segundo a Anbima.

A atividade dos influencers em geral está sendo mais regulada no país. O texto do projeto de lei (PL) 2.985/2023, que visa a proibir que atletas, artistas e influenciadores participem de peças publicitárias de bets, foi aprovado pelo Senado no dia 28 de maio e é analisado agora pela Câmara dos Deputados.

As entidades do mercado de capitais também estabeleceram normas para regular a atuação dos "finfluencers". Em 2023, a Anbima ou a fiscalizar as empresas do mercado financeiro que contratam influenciadores para garantir que essas parcerias sigam regras claras de publicidade. Isso inclui não fazer promessas enganosas, como ganhos fáceis ou abusivos, e respeitar boas práticas de transparência e ética na comunicação. O número de produtores de conteúdo que descumprem as regras agora faz parte de uma publicação à parte da entidade, que está em processo de elaboração. Esses influencers também não aparecem listados no ranking dos mais influentes.

Os influenciadores de finanças (pessoas físicas) mais relevantes de 2024 foram:

  1. Economista Sincero
  2. Bruno Perini - Você MAIS Rico
  3. Thiago Guitián Reis
  4. Nathália Arcuri
  5. Investidor Sardinha
  6. O Primo Rico
  7. Thiago Godoy
  8. Renato Breia
  9. Primo Pobre
  10. Gustavo Cerbasi

Os influenciadores de finanças (organizações) mais relevantes de 2024 foram:

  1. InfoMoney
  2. Valor Econômico
  3. IstoÉ Dinheiro
  4. Money Times
  5. Brazil Journal
  6. Criptofácil
  7. Bloomberg Línea Brasil
  8. Suno Research
  9. Banco Central do Brasil
  10. Portal do Bitcoin

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