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MPT entra com ação contra BYD por trabalho análogo à escravidão e tráfico de pessoas

27/05/2025 12h40

Por Luciana Magalhaes

SÃO PAULO (Reuters) -O Ministério Público do Trabalho (MPT) entrou nesta terça-feira com uma ação civil pública contra a montadora chinesa BYD por ter encontrado trabalhadores em situação análoga à escravidão e por suspeita de tráfico internacional de pessoas.

Em dezembro do ano ado, 220 trabalhadores chineses foram encontrados em situação análoga à escravidão e vítimas de tráfico internacional de pessoas, afirmou o MPT. Eles foram contratados para construir a fábrica da BYD em Camaçari (BA).

O MPT pede pagamento de ao menos R$257 milhões da BYD e das empreiteiras China JinJiang Construction Brazil e Tonghe Equipamentos Inteligentes do Brasil (atual Tecmonta Equipamentos Inteligentes Brasil), que prestavam serviços exclusivos para a BYD.

O subprocurador-geral do MPT, Fabio Leal, disse à Reuters que as negociações com as três empresas começaram no final de dezembro, mas as partes não chegaram a um acordo.

Leal disse que os trabalhadores foram trazidos para o Brasil de forma irregular e receberam promessas de condições de trabalho que não foram cumpridas. Segundo o subprocurador, todos os trabalhadores chineses, que já retornaram à China, receberão quaisquer pagamentos relacionados ao processo no exterior, e as companhias no Brasil terão que fornecer um comprovante de pagamento.

Leal acrescentou que um acordo ainda é possível, embora agora precise ser facilitado pelo tribunal.

"Nossa ação está bem fundamentada, com diversas provas produzidas na fase de investigação", disse o subprocurador.

Procurada, a BYD não comentou o assunto de imediato.

O valor defendido pelo MPT se refere a um pagamento de dano moral individual equivalente a 21 vezes o salário contratual, acrescido de um salário por dia de cada trabalhador. Além disso, o pedido envolve quitação de verbas rescisórias e multa de R$50 mil "para cada item descumprido, multiplicado pelo número de trabalhadores prejudicado".

A BYD atualmente é a maior marca de veículos chineses do Brasil, com vendas de 30.156 carros no primeiro quadrimestre, um crescimento de 37% sobre o desempenho de um ano antes, segundo dados da associação de concessionários, Fenabrave.

(Por Luciana Magalhaes; Texto de Paula Arend Laier e Patrícia Vilas Boas; Edição Alberto Alerigi Jr.)

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